Fake news: um dilema contemporâneo

João Paulo S. de Siqueira
Mestre em consumo, cotidiano e desenvolvimento social. Advogado, pesquisador e professor.

Publicado em: 21/09/2018 03:00 Atualizado em: 21/09/2018 09:20

Vivemos numa sociedade célere, plural, cibernética, dialética e dinâmica, aclamada por muitos como a sociedade da informação. Panorama que possibilita e até estimula a criação e compartilhamento de notícias e informações falsas e irresponsáveis, as tão discutidas fake news.

São conteúdos criados ou deturpados por particulares ou por empresas que, por mera irresponsabilidade ou por vultosas contraprestações pecuniárias criam e disseminam mensagens falsas em plataformas de buscas, redes sociais e aplicativos.

Não são ingênuas, pois ultrapassam a mera ideia simplista do boato, não são notícias vindas de um primo do cunhado da vizinha. São revestidas de técnicas e argúcias que as fazem parecer verídicas e fundamentadas, pois normalmente apresentam uma boa formatação e são “embasadas” por alguma pesquisa científica, fontes confiáveis e confirmadas por algum argumento de autoridade, tudo falso e falacioso.

São verdadeiras lesões e afrontas ao nosso Direito de Informação, da boa, responsável e necessária informação. Acarretam, dessa forma, graves danos aos sérios meios de comunicação, à imprensa justa, coerente e comprometida com a verdade.

Penso que tão grave quanto criar essas falácias é o ato de repassar e difundir esse conteúdo de maneira automática e impensada. Vivemos na era em que ser conectado é um status cobiçado, mas se somos conexões, devemos realizar um filtro do que vamos repassar e usarmos nosso discernimento e bom senso para não sermos meros zumbis divulgadores de irresponsabilidades. Devemos usar a internet para elucidar e esclarecer dúvidas e não para confirmar mentiras.

Somos seres pensantes e interativos, e os novos paradigmas da informação e da comunicação são construídos por nós, a todo momento. Ponhamos em prática as noções ensinadas por Habermas em sua teoria da ação comunicativa e realizemos um intercâmbio franco de argumentos e ideias, mas ideias críticas e racionalizadas e não meras informações vazias e desprovidas de verdade, que acreditamos e compartilhamos sem questionamentos.

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