Segredo revelado pelo técnico Zagallo

Giovanni Mastroianni
Advogado, administrador e jornalista

Publicado em: 18/09/2018 03:00 Atualizado em: 18/09/2018 08:59

Não se pode falar no técnico tricampeão mundial de futebol em 1970, Mário Jorge Lobo Zagallo, sem antes fazer alusão a um outro personagem dos meios esportivos: João Saldanha, mais conhecido como cronista esportivo do que como treinador. Neste mister, começou suas atividades em 1957, dirigindo a equipe do Botafogo, seu clube de coração, onde permaneceu durante dois anos, sendo campeão carioca nesse mesmo ano, após derrotar o Fluminense por 6 a 2. Em 1960, passou a atuar como cronista esportivo.

De tanto criticar a seleção brasileira, após o fracasso de 1966, acabou sendo convocado, em 1969, para dirigir o selecionado canarinho. Em uma de suas passagens pelo Recife,  convidado pela equipe esportiva da Rádio Jornal do Commercio, concedeu elogiada  entrevista coletiva da qual fiz parte do grupo de entrevistadores, com duas indagações, ambas bem acatadas pelo entrevistado e positivamente respondidas.

Apesar de haver classificado o Brasil na fase das eliminatórias, os torcedores não mais estavam satisfeitos com seu trabalho à frente da direção técnica do selecionado. Nessa época, o Botafogo carioca veio jogar no Recife e trazia como seu treinador Mário Jorge Lobo Zagallo. Fui até o hotel onde a delegação botafoguense estava hospedada e pedi para levar Jairzinho, o futuro “furação da Copa”, para entrevistá-lo na televisão, no que fui atendido. A entrevista, nos estúdios da TV-U, foi fotografada e as fotos fazem  parte de meus arquivos. Depois, foi a vez de Zagallo ser convidado e, gentilmente, aquiesceu, a exemplo do que ocorrera com outros técnicos famosos, entre os quais lembro Parreira, Elba de Pádua Lima (Tim), Sylvio Pirillo, Otto Glória, Brandão, Palmeira, Duque, Telê Santana, Antoninho, Daltro Menezes, Jorge Vieira, Zezé Moreira e tantos outros. A diferença dos demais foi que Zagallo fez-me uma exigência, que cumpri fielmente. Corria o ano de 1969 e Saldanha, apesar de haver comandado a seleção brasileira, nas eliminatórias, com sucesso, pelos motivos expostos, estava para ser afastado, cedendo seu lugar ao vitorioso técnico. Essa era a indagação que eu estava impedido de fazer, pois se constituía em um segredo de bastidores, que só se consumaria dois meses antes da Copa no Mundo de 70, quando, definitivamente, Zagallo assumiu o comando da “canarinho”, tornando-se tricampeão mundial, no México, graças a um plantel em que se destacaram Félix, Carlos Alberto Torres, Brito, Everaldo, Gerson, Clodoaldo, Rivelino, Jairzinho, Tostão, Wilson Piazza e Pelé. Os quatro últimos, quando de suas passagens pelo Recife, tive a satisfação de entrevistá-los para a televisão e registrar esses felizes momentos em fotos. Os demais autografaram para mim suas fotografias, em revista esportiva da época, que guardo com carinho.

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