Marcelino Freire agora chega de bagageiro

Raimundo Carrero
Escritor e jornalista
raimundocarrero@gmail.com

Publicado em: 10/09/2018 03:00 Atualizado em: 10/09/2018 09:44

É claro que o leitor está percebendo o enriquecimento literário de Pernambuco com a consolidação de nomes já consagrados e o surgimento de nomes novos, a registrar Nivaldo Tenório e Mário Rodrigues, sem esquecer Micheliny Verunski e Adrienne Mirtes, as meninas que vivem em São Paulo. Paulistanas adotadas, mas nem por isso menos pernambucanas.

Entre os consagrados ou consagradíssimos temos Marcelino Freire, cujo nome é em si mesmo sinônimo de qualidade. Ele lança nas próximas semanas o livro Bagageiro, produzido pela José Olympio Editora, em princípio ensaios de ficção reunindo a experiência de oficinas que realiza no pais todo, ora no Sesc, ora em Feiras de Livros, ora em instituições educacionais. Mas sem didatismo ou eruditismo. São conversas e leves debates em aulas. Casos ligeiros e leves piadas.

Não esquece os amigos e revela fatos curiosos entre escritores. Foi o que aconteceu comigo na Pousada da Marquesa, onde ficam convidados e escritores internacionais. Descia todos os dias às sete horas para o café. De cara encontrava um cidadão de enormes óculos escuros sentado diante da caixa registradora, invariavelmente.

Uma amiga me perguntou: Você não aproveita para conversar com Paul Auster? Respondi firme: Mas onde está Paul Auster? No salão estávamos apenas minha mulher Marilena, esta amiga e, é claro, Paul Auster. Minha amiga revela: Olha ele ali de óculos sentado perto da caixa registradora. Mas eu pensava que fosse o gerente da pousada. Que ingenuidade, Carrero, aquele é Paul Auster, o maior escritor norte-americano do momento. Obrigado, minha amiga, eu disse, você me livrou de um vexame, porque eu ia pedir a ele que tirasse a conta.

Rimos muito, e aquele que é permanente candidato ao prêmio Nobel de Literatura nos olhava sem tirar os óculos, impassível, sem saber que ganhara um novo emprego no Brasil.O que fez você, Carrero, acreditar que ele é o gerente da pousada? Ora, na hora do café matinal ele está todos os dias sonolento, de óculos escuros, sentado diante da máquina registradora...

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