Editorial Os rumos das eleições

Publicado em: 08/09/2018 03:00 Atualizado em: 10/09/2018 09:47

A campanha eleitoral, não há dúvidas, ganhou novos contornos com o atentado a faca sofrido pelo deputado Jair Bolsonaro, do PSL. Se, mesmo na liderança, das pesquisas de intenção de votos para a Presidência da República, ele enfrentava um momento complicado pelo pequeno tempo de propaganda na tevê — apenas oito segundos —, sofrendo fortes ataques dos principais concorrentes, agora ele passou a dominar a atenção do eleitorado, 24 horas por dia.

Não se sabe se tamanha exposição será suficiente para Bolsonaro, vítima de um ato violento inaceitável, agregar votos que lhe garantam a vitória. O certo, porém, é que o capitão reformado do Exército criou um grande problema para os oponentes, sobretudo para os da esquerda e para Geraldo Alckmin, do PSDB, que vinha com uma campanha pesada contra o representante do PSL.

Ciro e Marina, que aparecem empatados em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos, terão que redobrar os esforços para se manterem no debate. O PT, por sua vez, será obrigado a decidir logo pelo lançamento da candidatura de Fernando Haddad, uma vez que o esforço midiático executado por Lula, que está preso em Curitiba por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, perderá eficiência.

Mais importante, contudo, do que as estratégias dos candidatos para se manterem com chances na disputa marcada para 7 de outubro, será a postura que os presidenciáveis adotarão — aí incluindo Bolsonaro, que vinha com um discurso de incitação à violência. Está mais do que claro que não haverá mais espaço para ataques pessoais, para o estímulo ao ódio e para radicalismos. Nem para o populismo barato, cujas consequências são devastadoras.

Terá que prevalecer, nos próximos 28 dias, o bom senso. Os postulantes à Presidência da República terão que apresentar propostas para o país, que sofre para sair do atoleiro da recessão e precisa, urgente, criar empregos para mais de 13 milhões de brasileiros. Até a facada que atingiu Bolsonaro, poucos foram os momentos em que os presidenciáveis se preocuparam em apresentar seus projetos de governo.

A eleição não deve se pautar por questões pessoais, por comoção. Escolher um presidente da República requer mais do que se compadecer de um candidato. Exige um conjunto de fatores, a começar pela competência e pela responsabilidade de comandar um país. Quase 210 milhões de brasileiros serão afetados pelas decisões que o vencedor das urnas tomar. Portanto, deve prevalecer o pragmatismo, não a emoção.

O Brasil já fez escolhas erradas demais. Em 2014, por meio de propagandas enganosas, Dilma Rousseff acabou reeleita. A desastrosa gestão da petista empurrou o Brasil para uma das mais severas recessões da história. A destruição das contas públicas impede, até hoje, o governo de executar políticas fundamentais nas áreas de saúde, educação e segurança. Votar com o coração tem seu charme. Mas é a razão que garante um governo capaz de cumprir o que todos esperam dele.

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