Mais um reforço no combate à criminalidade

Oliveira Júnior
Major, coordenador estadual de Polícia Comunitária e membro da Diretoria de Articulação Social e Direitos Humanos da PMPE.

Publicado em: 25/08/2018 03:00 Atualizado em: 27/08/2018 09:24

No dia 23/08, nesta seção, foi publicado o artigo intitulado “Plano Japonês para Boa Viagem”, assinado por Mauro Ferreira Lima. Ao longo do texto, o autor demonstra total desconhecimento do que é o policiamento comunitário baseado no sistema Koban e sobre como se deu a cooperação técnica firmada com a Agência de Cooperação Internacional do Japão, a Jica, vinculada ao Governo Japonês. Projetos de capacitação e aperfeiçoamento são fundamentais não só para policiais, mas para todos os servidores públicos dedicados a oferecer, dia a dia, um melhor atendimento à população. E essa parceria, ao contrário do que foi dito, não teve qualquer custo financeiro para Pernambuco.

Foram capacitados dois oficiais da PMPE no país asiático, com tudo pago pelo Governo Japonês, e treinamentos foram realizados em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, em unidades de elite das polícias militares. Também recebemos dois peritos da polícia nipônica durante um mês no Recife, a fim de treinar e aprimorar nossos 34 policiais participantes – tanto os que atuam nas ruas como os que monitoram a localidade por meio das câmeras do Centro de Controle Operacional do Ciods. O 19º Batalhão, que executa o modelo Koban em Boa Viagem, conta com uma central própria de videomonitoramento, integrada ao Ciods. Essa informação talvez não fosse de conhecimento de Mauro Ferreira quando ele afirmou que, ao invés de aprender com os japoneses, deveríamos utilizar câmeras. Isso já é feito e, atualmente, o Grande Recife, Caruaru e Petrolina têm pontos estratégicos monitorados, ajudando as polícias, integradas às guardas municipais, a prevenir e reprimir o crime.

Temos, sim, a aprender com os japoneses e tirar proveito da troca de experiências com países que dão respostas eficientes no enfrentamento da violência. O sistema Koban consolida uma filosofia de prevenção, aproximação e parceria com a comunidade. Implantado em 13 de agosto deste ano, em uma área do bairro de Boa Viagem, o projeto piloto visa a estreitar a relação entre policiais, moradores e trabalhadores locais. Não se trata aqui de um alto investimento em tecnologia ou equipamentos, mas de estabelecer laços e entender que não há como fazer segurança pública se a população não a fizer junto conosco.

Participação de policiais em reuniões de condomínio, proatividade na mediação de conflitos, estreitamento da parceria com comerciantes e moradores são algumas estratégias que seguem um protocolo consagrado. Já conseguimos, por exemplo, prender em flagrante três acusados de roubar carros no bairro, graças às informações dos moradores. Nosso próximo passo é implantar um aplicativo exclusivo para facilitar essa interação, que já é feita pessoalmente e via mensagens instantâneas. Assim, nenhum policial comunitário sai para o policiamento sem compartilhar informação e se inteirar da atividade na área, uma estratégia preventiva.

Esse projeto piloto não se desenvolveu da noite para o dia. Pelo contrário: há mais de um ano e meio, trabalhamos arduamente analisando experiências anteriores e a dinâmica social, labutando muitas vezes em horário de folga, pois nossos policiais anseiam diariamente por uma sociedade mais segura. Pernambuco foi proativo e habilidoso ao entrar, no início de 2017, no Acordo de Cooperação Técnica com o Governo Japonês.

É fundamental esclarecer ainda que essa experiência é mais uma das ferramentas do Pacto pela Vida, que já conseguiu diminuir em 21% os homicídios e em 24% os roubos no estado entre janeiro e julho deste ano, em relação ao mesmo período de 2017. São 8 meses de queda nos homicídios e 11 meses de redução dos crimes contra o patrimônio. Boa Viagem, bairro que registrou queda de 31% nos roubos no mesmo período analisado, tem agora à disposição mais um reforço na luta contra a violência e que ajudará a acelerar a curva já descendente da criminalidade. Não temos dúvida: a experiência será bem-sucedida e, em breve, poderemos expandi-la para outros territórios.  

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