O plano japonês para Boa Viagem

Mauro Ferreira Lima
Professor da UPE

Publicado em: 23/08/2018 03:00 Atualizado em: 23/08/2018 09:40

O governo de Pernambuco foi buscar longe, no Japão, a inspiração para atacar o drama local da segurança pública, começando por Boa Viagem. Enviou até lá oficiais da Polícia Militar com vistas aprenderem o óbvio para o enfrentarem uma situação que vem se agravando nos últimos quatro anos.

Evidente que houve um custo para Pernambuco com esse deslocamento que envolveu transporte, hospedagem, diárias e gastos burocráticos adicionais. Intenção louvável, parcialmente, mas que nada acrescentará ao know how que aqui já temos acumulado. Despesa prescindível e desnecessária já que não aportará nenhuma nova tecnologia para tratar a questão. Na realidade, o que se tem lá é uma “prática efetiva de fazer” o que aqui é coisa rara.

Temos aqui experientes técnicos em segurança pública que já aportaram seus conhecimentos para o trato da questão. Mas houve descontinuidade e intermitências. Não tem o estado um plano concreto de segurança. Resolveu o Governo neste apagar das luzes da presente administração correr atrás do enorme prejuízo.

Pessoalmente tenho acompanhado o que se tem praticado mundo afora para combater o problema da segurança pública. Como contribuição para a discussão do tema, escrevemos alguns artigos sobre isso e os enviamos à Prefeitura do Recife e ao Governo do estado. Zero providências foram tomadas em cima das propostas sugeridas!

Relatamos o que constatamos na prática cotidiana de combate a violência urbana mundo afora . Aqui resumo: 1. Integração entre as partes envolvidas – Polícia Militar, Guarda Municipal e a cidadania da área trabalhada. 2. Comunicação descomplicada e direta sobre o que ali está acontecendo. Em Lisboa, nas placas consta apenas isto: “Área com Câmeras”! Diz tudo! Aqui é um tormento tal comunicação! 3. Sincronização das ações entre as partes. 4. Visibilidade geral de PMs, fixos e volantes a pé, em motos e carros em pontos estratégicos. Sem desperdícios. Uso racional de máquinas e combustível. 5. Monitoramento de tudo por câmeras numa estação central de controle do programa em execução. 6. Articulação permanente entre tudo e todos: condomínios, comércio de bares, restaurantes, lanchonetes, padarias, postos de combustíveis etc. No mais... isso aí!

Tóquio acrescentou mais o quê?

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