Editorial Desemprego, a ponta do iceberg

Publicado em: 20/08/2018 03:00 Atualizado em: 20/08/2018 09:06

A crise econômica, iniciada em 2014, levou o país à mais profunda recessão. Quatro anos depois, os danos ainda persistem. Quase 13 milhões de brasileiros amargam o desemprego, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada, na quinta-feira, pelo Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao segundo trimestre deste ano. Deste total, 3,2 milhões estão à busca de uma vaga há mais de dois anos. Outros 4,8 milhões formam o contingente de desalentados. Eles desistiram de procurar uma oportunidade. O número de desesperançados cresceu em 200 mil em relação ao primeiro trimestre.

De acordo com o IBGE, no total, 19,5 milhões de brasileiros estão desempregados, considerando que 6,5 milhões estão subocupados por insuficiência de horas trabalhadas e 13 milhões, desocupados. Acrescente-se ainda os 8,1 milhões que não têm condições de trabalhar no momento, que representam a força de trabalho potencial. Essa enorme fatia da população não consome, por falta dinheiro, nem contribui para a Previdência Social. Em resumo, em quatro anos, a crise não arrefeceu. O mercado de trabalho está estagnado.

Depois do Nordeste, que abriga 14,8% dos desempregados, o Sudeste, a região mais rica, ocupa a segunda posição com 13,2% da massa dos desocupados. Trata-se de um sinal muito claro de que as grandes empresas estão muito cautelosas e inseguras, em boa medida, devido às incertezas provocadas pela disputa eleitoral. Para o empresariado, a melhor opção é deixar investimentos e planos de expansão dos negócios na gaveta e aguardar o desfecho do pleito de outubro.

Uma mudança na realidade dependerá muito do programa de governo de quem chegar ao Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2019 uma mudança na realidade. As limitações dos gastos públicos estão impostas não só Emenda à Constituição Federal que estabeleceu um teto para as despesas, mas pela falta de dinheiro para investir e promover a reconstrução do país. Especialistas projetam um rombo de R$ 159 bilhões nas contas da União no ano que vem. Equilibrar despesas e receita exige elevar a arrecadação e conter os gastos. Em sabatinas, debates e entrevistas, os presidenciáveis ainda não apresentaram projetos objetivos de governo. Não ofereceram aos eleitores uma proposta que facilite a escolha no próximo 7 de outubro.

Não será fácil ao futuro presidente da República tirar o país da crise em que está mergulhado. O desemprego é só a ponta do iceberg, cuja área submersa hospeda o caos na saúde, no saneamento básico, na educação, na segurança, no transporte, na moradia. As propostas até agora apresentadas não direcionam o país rumo ao crescimento econômico para o reencontro com o desenvolvimento. Há muita disputa, mas nenhum projeto de nação que signifique uma luz no fim do túnel.

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