Editorial Segurança na teoria e na prática

Publicado em: 13/08/2018 03:00 Atualizado em: 13/08/2018 08:38

Foram 175 mortes violentas por dia, no Brasil, em 2017. Um número assim, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, precisa ser destacado para mostrar o estrago pessoal e público ao qual o cidadão do país está exposto. Um crescimento de quase 3% entre 2016 e o ano passado que escancara a falta de uma política estruturada e firme no combate à violência. E para os quais os candidatos à Presidência da República — mesmo aqueles que levantam a bandeira da área — apresentam propostas e soluções vazias. A população sabe na prática que a violência virou uma epidemia, o sistema de segurança brasileiro está falido e discursos, mesmo os mais ferozes, não mais adiantam.

Os números mostrados pelo Fórum apontam que esse mal está espalhado por todos os estados e o Distrito Federal, com crescimento em todas as faixas da população. Houve aumento nas taxas de estupros (8,4%), homicídios dolosos (6,1%), mortos em intervenções policiais (20%) e lesões corporais seguidas de mortes (12,3%). Foram 1.132 feminicídios e mais de 220 mil registros de Maria da Penha em 2017. Não é possível se sentir seguro assim. E a solução, definitivamente, não está em ações pontuais ou somente no aumento do financiamento da política de segurança.

Bradar que “bandido bom é bandido morto” é inócuo, assim como apostar no armamento da população. Aliás, nesse sentido, o viés de confirmação (tendência que as pessoas têm de usar informações para confirmar suas teorias) não ajuda em nada: há números que ligam o uso de armas pelos cidadãos à diminuição e ao aumento da violência, dependendo do país. Negar que a truculência policial existe também não é a melhor forma de enxergar o problema para resolvê-lo. Enfim, visões inocentes do bem contra o mal só fazem a situação degringolar.

O eleitor quer mais do que posições firmes: exige ações concretas. Todos sabem que é preciso pensar o assunto com profundidade, treinar mais e mais as forças de segurança, fazer um trabalho continuado em comunidades, fortalecer a inteligência das polícias Civil, Militar e Federal, reforçar o trabalho na proteção à mulher, envolver o Judiciário em todas as esferas para que a lei seja cumprida, levar a sério o isolamento das facções criminosas dentro de presídios, resolver o problema penitenciário com ações a longo prazo. A cartilha está feita. A população brasileira precisar ver, na prática, o que está sendo falando em cima dos palanques.

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