Ídolos são para sempre

Aluísio Xavier
Advogado e ex-presidente da OAB/PE

Publicado em: 08/08/2018 03:00 Atualizado em: 08/08/2018 09:08

Um grupo de alvirrubros, que honra as cores do Clube Náutico Capibaribe, prestou justa homenagem ao grande capitão do hexacampeonato, Ivan Brondi de Carvalho, na comemoração do cinquentenário da conquista, lembrando, em outdoors, que os ídolos são para sempre, ao passo que os mandatos são passageiros. Nada mais verdadeiro. Além de ser uma pessoa de excelente caráter, Ivan foi um atleta exemplar, nunca tendo sido expulso de campo. Participou da gloriosa jornada do Náutico, jogando todos os seis campeonatos, de 1963 a 1968, num total de 126 das 140 partidas disputadas, o que corresponde a um percentual de 90% de presença no time, sempre como titular, sendo de destacar que apenas não integrou a equipe quando estava contundido. Alegam alguns que o orgulho dos alvirrubros pernambucanos com o hexa é injustificado, afirmação sem qualquer substância, a partir da simples constatação de que, em meio século, nenhuma agremiação futebolística estadual conseguiu igualar o feito.

Estive nos Aflitos no jogo do hexa, no domingo 21 de julho de 1968, e verifiquei que Ivan não chutou uma bola, praticamente na pequena área do adversário, na barra do Country, tendo apenas o goleiro Miltão à sua frente. Anos depois, quando tive a oportunidade de pessoalmente estar com ele, em razão da  sua atividade profissional de odontólogo, indaguei-o sobre o fato de não ter tentado fazer o gol aparentemente tão fácil, e ele me respondeu, dizendo antes que o seu amigo Renildo já o tinha questionado da mesma forma, que um torcedor, evidentemente da equipe no final derrotada, apitou no exato momento do seu chute, fazendo-o não prosseguir na jogada, em respeito a uma decisão que supunha ter partido do árbitro do jogo, o que também aconteceu com Lala, em outra ocasião da partida. Proceder que ressalta a marca da sua disciplina como atleta. Outra virtude de Ivan, que entendo fundamental para toda pessoa que efetivamente ama o seu clube, é a sua capacidade de se expor e lutar por tudo aquilo que seja benéfico para o Náutico. Ivan nunca cometeu o pecado da omissão quando se trata do Clube Náutico Capibaribe. Também nunca foi um invisível.

O site do Náutico informa que a sua estreia no futebol ocorreu em 1905, portanto, há 113 anos. Ivan começou a sua carreira no Náutico em 1963, primeiro campeonato do hexa, completando, neste 2018, 55 anos de amor e dedicação ao Clube. Ou seja: praticamente 50% da vida de futebol do Náutico conta com a relevante presença de Ivan, como atleta, torcedor e dirigente. Evidente que Ivan não precisaria deste meu reconhecimento, que, aliás, é o sentimento comum de todos os torcedores de boa fé do Náutico, mas a minha formação me impõe sempre proclamar a verdade, inclusive para que as gerações futuras saibam onde se encontra a virtude.

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