Terra de artistas

Luzilá Gonçalves Ferreira
Doutora em Letras pela Universidade de Paris VII e membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 07/08/2018 03:00 Atualizado em:

Há uns anos, levei meu pai num passeio a Vila Velha, em Itamaracá. Era uma manhã esplêndida, o mar tão verde, quase repetindo as árvores em torno. Ao lado da velha igreja, aquela na qual dizia missas o Vigário Tenório, nosso  sacrificado herói revolucionário, habitante da ilha. De repente  topamos com um grupo de artistas, alguns meus conhecidos, não de nome e de chapéu, como o personagem de Machado, mas de amizade mesmo. Ou pela fama que já haviam conquistado, por notícias de exposições, de participações em associações como a Oficina Guanazes, o Atelier Coletivo, a Ribeira, em torno de gente como Abelardo da Hora, Adão  Pinheiro, Zé Claudio, para só citar alguns. Meu pai se surpreendeu de ver o grupo, que é que esse povo está fazendo aqui a essa hora? Acrescentou uma expressão muito dele: “Não têm o que fazer?” Expliquei que tinham e muito. Falei de Guita, de Luciano Pinheiro e da beleza que criavam, transportando para as telas as cores e as formas que nos cercavam, traasfigurando, colocando no mundo uma nova beleza, uma beleza que não existia antes. Nesta semana, uma ocasião de compartilhar um pouco dessa criação: a exposição de Luciano Pinheiro na Arte Plural.. Frágil, é o titulo que Luciano deu à mostra, que se inaugura hoje à noite. Os titulos dos quadros, abstratos mas tão “concretos” no que nos dizem, são significativos: Identidade, Falar menos, Ressonâncias, Devaneios, quase roteiros para aquele que os olha, encantado, atônito, ante a fala das cores, vibrantes, ante as formas, resultados do amadurecimento de uma vida inteira dedicada à arte, e, com isso, tornar mais alegre e melhor o conturbado mundo em que vivemos. Obrigada, Luciano.

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