ADUFEPE, uma história de lutas

José Edeson de Melo Siqueira
Presidente da ADUFEPE
opiniao.pe@DIARIODEPERNAMBUCO.com.br

Publicado em: 06/08/2018 03:00 Atualizado em: 06/08/2018 09:48

A Universidade de hoje não é a que tínhamos há 40 anos, quando foi criada a nossa Adufepe (Associação dos Docentes da UFPE). O sindicato dos docentes se constituiu num importante instrumento de luta dos professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que garantiu a unidade de todos em defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade.  

A Adufepe foi fundada quando a sociedade brasileira lutava pela anistia ampla, geral e irrestrita. Conquistamos a anistia, mas não ampla, nem geral, nem irrestrita. Agigantava-se a luta pelas Diretas Já, que mobilizou milhões e milhões de brasileiros, principalmente a juventude. Neste processo, as mais diferentes forças políticas do país, se uniram, inclusive algumas que foram responsáveis pelo golpe de 1964. Não ganhamos no primeiro tempo as eleições diretas, mas a mobilização permitiu que o candidato da frente progressista fosse o eleito no colégio eleitoral.

A era áurea para as universidades públicas aconteceu durante os governos Lula, em especial quando o professor Sergio Rezende, desta UFPE, assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia. Neste período, foram disponibilizados mais recursos para pesquisa, mais bolsas de pós-graduação, houve a efetivação de uma política de interiorização e a abertura de cotas sociais, implicando na verdadeira democratização do acesso à universidade pública.

No governo Dilma, a principal conquista foi a atual carreira docente, que possibilitou a todos os professores atingirem o nível de professor titular, acordo assinado pelo PROIFES, mas não pelo ANDES-SN. Entretanto os professores aposentados saíram perdendo, quando da criação da categoria de professor associado, logo abaixo do professor titular, em vez de ser no início da carreira como queríamos. Isto favorece os jovens docentes, mas é prejudicial aos aposentados, pois de certa maneira rompe a isonomia salarial.  

Neste atual governo golpista, temos um dos maiores desafios que o serviço público já enfrentou ao longo de sua história. Diante do congelamento dos investimentos públicos nas diferentes atividades de responsabilidade estatal, consequência da Emenda Constitucional 95, aprovada logo após o golpista Temer assumir a presidência. Esta descaracteriza a Constituição de 1988, por retirar do Estado sua responsabilidade com a educação, a saúde, a segurança e a seguridade social, entre outros direitos inerentes à cidadania. É preciso revogar a E.C. 95.  Como consequência dela temos um grande corte de recursos para as universidades públicas, que segundo a SBPC, este ano não chegará 50% do que foi repassado em 2014.

Estamos vivenciando uma conjuntura extremamente contrária aos interesses da Universidade Pública e da Soberania Nacional. Temos clareza que é necessário unir todas as forças políticas da UFPE em torno de um projeto de defesa da Universidade, da Democracia e do Estado de Direito. Esta luta exige que cada um tome posições, debata ideias, defina estratégias que possam garantir uma correlação de forças política capaz de derrotar os que se opõem ao desenvolvimento da Universidade Pública. Precisamos estar juntos para garantir a Universidade pública, gratuita e de qualidade, pois teremos de lutar por mais verbas para as IFES, melhores salários para os docentes, garantia da democracia interna na UFPE e nacional, bem como do Estado de Direito.

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