Editorial Alento no mercado de imóveis

Publicado em: 02/08/2018 03:00 Atualizado em: 02/08/2018 06:15

As boas expectativas do mercado imobiliário para este ano não se confirmaram. O setor se manteve estagnado. Não só as crises econômica e política, mas também as incertezas próprias de um ano eleitoral atrapalharam os negócios. Para fomentar esse setor, capaz de criar empregos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) elevou para R$ 1,5 milhão o valor dos imóveis que podem ser financiados pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e eliminou a obrigatoriedade de os bancos destinarem 52% da poupança para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), o que pode direcionar recursos para outros tipos de financiamento da casa própria. As medidas entrarão em vigor em janeiro de 2019. O governo prevê que a decisão injetará R$ 80 bilhões no mercado imobiliário em seis anos.

O aumento de limite — hoje, entre R$ 800 mil e R$ 950 mil — atenderá a uma parcela da classe média que tem interesse em adquirir imóvel, mas o valor ultrapassa o atual teto fixado pelo sistema. Para as empresas, a mudança estimula investir em novos projetos para atender a esse público. A conjugação de interesses deverá, aos poucos, reaquecer o setor e aumentar a oferta de empregos

O CMN aprovou ainda incentivo para o financiamento de imóveis avaliados em até R$ 500 mil, que são os mais procurados. O banco que conceder crédito para a compra de imóveis nesse valor poderá usar o fator de multiplicação de 1,2 e, assim, abater R$ 600 mil da conta de recursos que devem ser aplicados por meio do SFH. Com mais liberdade, os bancos poderão criar linhas de crédito diferenciadas e decidir as taxas de juros. A previsão é de que a instituições seguirão com taxas em torno de 8% mais a Taxa Referencial (TR), inferiores ao limite de financiamento, hoje de 12% mais TR.

As mudanças foram bem recebidas pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Na avaliação de especialistas, elas têm tudo para propiciar um impacto positivo no setor. Hoje, na melhor das hipóteses, a expectativa é de que o faturamento da construção civil encerre o ano com alta de 0,5%. Um cenário nem um pouco alentador. No primeiro trimestre, o ganho do setor recuou 2,2% na comparação com igual período de 2017. Qualquer índice de crescimento em 2018 será tímido ante o papel de destaque que sempre teve a construção civil na economia nacional.

Embora as medidas tenham sido bem recebidas, o reecontro do país com crescimento econômico dependerá do projeto polítíco que for vitorioso na disputa eleitoral de outubro próximo. Não só investidores, mas também os consumidores estão retraídos ante o cenário de incertezas. A insegurança se revela maior ante o silêncio dos candidatos que, até agora, a dois meses do pleito, não apresentaram à opinião pública que projetos têm para o país. A maioria critica o atual governo, mas não aponta soluções para as dificuldades enfrentadas pela sociedade. Ou seja, escassa sinalização sobre o que poderá ser feito a partir de janeiro de 2019.

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