Editorial Mercosul e o Pacífico

Publicado em: 01/08/2018 03:00 Atualizado em: 01/08/2018 08:16

Merecem todo o apoio as negociações entre os dois principais blocos econômicos da América Latina, no momento em que o mundo assiste, não sem uma boa dose de surpresa, à guerra comercial envolvendo as duas maiores economias do planeta, a dos Estados Unidos e a da China. Disputa deflagrada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, com sua sanha protecionista. A declaração conjunta assinada pelos países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai - a Venezuela está suspensa) e pela Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile), visando a um futuro acordo de livre-comércio, chega em boa hora para todos os envolvidos nas tratativas levadas a cabo na cidade mexicana de Puerto Vallarta.

O estreitamento das relações comerciais entre as nações latino-americanas é uma firme resposta às medidas protecionistas de Trump. No documento divulgado no fim da cúpula presidencial, os países signatários reafirmaram o compromisso com a preservação e o fortalecimento do sistema multilateral de comércio baseado em regras estabelecidas, aberto, não discriminatório e equitativo, tudo dentro do marco da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Critica, ainda, a criação de barreiras comerciais desnecessárias que só levam ao protecionismo. Barreiras que impedem a livre circulação de mercadorias e suprimem todas as vantagens decorrentes do comércio internacional. A declaração conjunta e o plano de ações definido entre os dois blocos econômicos focam na diminuição da burocracia e na facilitação das trocas comerciais, duas prioridades do setor privado para o fomento das economias regionais.

O plano de ação prevê o acompanhamento semestral de negociações envolvendo desenvolvimento digital, facilitação de investimentos, mobilidade acadêmica, cultura e turismo. Também propõe a realização de estudo sobre as cadeias produtivas da região, a ampliação da cooperação regulatória e a facilitação do comércio de serviços de pequenas e médias empresas, o que certamente ajudará o crescimento desse importante setor da economia brasileira.

Economistas destacam que o Brasil perdeu espaço nas exportações para os países da Aliança do Pacífico, nos últimos anos, e que a oportunidade para recuperar as vendas externas pode ser agora. O que, na realidade, vem acontecendo, pois já foi anunciada a renegociação de um acordo com o Chile para a ampliação do livre-comércio bilateral. Houve ainda conversas para investimentos e compras governamentais com o Peru, além de aumento da cota de frango brasileiro vendido ao México. Neste momento em que as relações comerciais globais são marcadas por tensões econômicas e geopolíticas, o Brasil não pode perder a oportunidade e deixar escapar qualquer possibilidade de firmar acordos multilaterais e bilaterais para o incremento das exportações, primordiais para a economia nacional.

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