TPN e Luís Reis: o documento de uma época

Raimundo Carrero
Escritor e jornalista
raimundocarrero@gmail.com

Publicado em: 30/07/2018 09:00 Atualizado em:

Um tempo revolucionário. Cultural, literário, artístico. É o que registra, documenta e analisa este livro de Luís Reis sobre o TPN – Teatro Popular do  Nordeste, criado por Hermilo Borba Filho e Ariano Suassuna, com um conceito contemporâneo de instalação cultural – Teatro, Bar e Livraria, algo impensável naquela época – 1965 – 1966.

Além disso, políticos, artistas e cidadãos reuniam-se ali para deliberar sobre o embate político em resistência à ditadura, instalada no Brasil desde março de 1964. Havia dois grupos claramente identificáveis: combatentes e festivos.

Festivos que combatiam nas mesas de bares e festas. Não era por acaso, portanto, que os festivos invadissem o TPN nas noites de sextas-feiras para festas sem fim. Muita cerveja, muita bebida e  revolução esperando a revolução.

No palco, o TPN exibia sua melhor e maior qualidade. Com peças de pernambucanos  como Osman Lins – A guerra de cansa-cavalos e Silvio Rabelo – Cabeleira aí vem. Assim Hermilo Borba mostrava sua impotrância como diretor e criador do grupo, tirando das gavetas obras que ameaçavam permanecer inéditas.

Foi ali que vi e li, pela vez, entre um gole ou outro de cerveja, o romance Margem da Lembrança na edição de capa amarela da Editora  Civilização Brasileira. Iniciava então a minha carreira literária porque escrevia pequenas histórias e já um romance Grande Mundo em Quatro Paredes, que permaneceu inédito porque não tinha qualidades.

Sem dúvida. Foi no TPN que comecei a escrever. Tinha saído do conjunto Os Tártaros para escrever. Uma necessidade que me atormentava já naquele tempo, aos 19 anos.

Pois bem, este livro de Luís Reis, também publicado exemplarmente pela Cepe Editora, é um documento importantíssimo para a cultura pernambucana, registrando e analisando um grande momento de resistência da intelectualidade no estado e no Nordeste.

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