Editorial Sem espaço para promessas vazias

Publicado em: 23/07/2018 03:00 Atualizado em: 23/07/2018 09:29

As eleições entraram com tudo no radar, o que exigirá atenção especial da população às propostas daqueles que efetivamente estarão na disputa pelo Palácio do Planalto. Não haverá espaço para promessas vazias. O Brasil vive um momento delicadíssimo. A economia está minguando a olhos vistos. O Ministério da Fazenda admitiu que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano será de 1,6% e não mais de 2,5%. Há, inclusive, a possibilidade de essa estimativa ser revista novamente para baixo, tamanha a fragilidade da produção e do consumo.

Os reflexos da atividade mais fraca puderam ser vistos nos dados divulgados pelo Ministério do Trabalho. Em junho, pela primeira vez neste ano, o emprego formal registrou retração. Isso significa dizer que o desemprego, em vez de cair, aumentará. Há hoje, no mercado, mais de 13 milhões de pessoas em busca de uma oportunidade. Tamanha demanda só aumenta a responsabilidade daqueles que se propõem a comandarem o país a partir de janeiro de 2019. Se o projeto de governo vencedor não priorizar a responsabilidade fiscal, o país caminhará mais rápido para o abismo.

A economia está machucada. A greve dos caminhoneiros, que foi apoiada por muita gente, fez um estrago enorme. A produção industrial despencou 10,9% em maio. No mesmo período, o setor de serviços encolheu 3,8% e o varejo, 0,6%. A prévia do PIB calculada pelo Banco Central, o IBC-Br, apontou retração de 3,34%, o maior tombo desde que o indicador foi criado. Ao mesmo tempo, a inflação de junho, por causa do desabastecimento, atingiu 1,26%, taxa sem precedentes em 23 anos. A esse desastre se somam as incertezas trazidas pelas eleições. Dependendo do resultado das urnas, o que está ruim pode piorar.

Não há dúvidas de que o Brasil tem um enorme potencial para crescer. Para isso, contudo, é preciso que o próximo governante tenha a coragem de encarar os problemas do tamanho que eles são. Delírios populistas só tornarão as coisas mais difíceis. Muitos acreditam que a população não tem discernimento suficiente para avaliar os postulantes à Presidência da República, que facilmente é seduzida por falsas promessas. Não é verdade. Os brasileiros têm a exata noção do tamanho das crises que o país vive: ética, política, econômica, de segurança.

A campanha eleitoral será curta. Mas haverá tempo suficiente para que os votantes possam diferenciar as propostas e escolher as que melhor se encaixam às atuais necessidades do Brasil. Há informações de sobra à disposição de todos, inclusive para banir o radicalismo. Em vez de extremos, a união. O país precisa ter de volta a previsibilidade. Se as urnas priorizarem o bom senso, o crescimento retornará e um futuro melhor para todos chegará mais rápido do que o imaginado.

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