Editorial Trump desagrada os americanos

Publicado em: 17/07/2018 03:00 Atualizado em: 17/07/2018 09:27

Os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, da Rússia, à saída do encontro de cúpula, em Helsinque, capital da Filândia, garantiram que o Kremlin não interveio na corrida eleitoral de 2016, em que o republicano derrotou Hillary Clinton na disputa pela Casa Branca. Na sexta-feira, Robert Mueller, procurador especial americano que investiga o caso, acusou 12 agentes da inteligência russa pelos ciberataques a computadores da campanha democrata, com o furto e a divulgação de informações para prejudicar Hillary.

Trump diz estar convencido de que a espionagem russa não interferiu no processo eleitoral. Ele retomou os ataques à' ex-adversária, por ela ter usado computador pessoal para o envio de mensagens à época em que era secretária de Estado do então presidente Barack Obama. “É rídiculo o que está acontecendo. Eu não conhecia o presidente Putin e não havia ninguém de quem ser cúmplice”, reagiu Trump, logo depois de afirmar que o colega russo foi “convincente” no encontro que tiveram.

A declaração de ambos caiu como mais uma bomba sobre o mandato de Trump. O encontro com Putin unificou o discurso de democratas e republicanos. Os principais veículos de comunicação dos EUA e integrantes dos dois partidos políticos, inclusive, o presidente da Câmara dos Representates, Paul Ryan, que tem sido bem comedido em relação ao republicano, reverberaram as críticas por Trump imaginar que a Rússia é uma aliada dos Estados Unidos. Para todos, não há dúvidas de que espiões russos agiram no processo eleitoral.

Embora o encontro com Putin tenha sido amigável, há questões pendentes entre os dois países, que os colocam em lados opostos. Um deles é a guerra civil na Síria, iniciada sete anos atrás e sem perspectivas de terminar em breve. Os termos do acordo entre EUA e Coreia do Norte não agradaram a Putin, que faz ressalvas à determinação norte-americana de pressionar o Irã, aliado dos russos, do tratado nuclear.

À frente da Casa Branca, Trump se mostra personalista. Dispensa a diplomacia para negociar diretamente com os mandatários. Foi assim com a Coreia do Norte, que desafiou os EUA com seus artefatos nucleares. O encontro com a premiê britânica, Theresa May, na semana passada, foi precido por uma série de gafes. Ainda em solo britânico, Trump listou a Rússia, a União Europeia e a China como “inimigos” dos Estados Unidos, sobretudo nas relações comerciais.

O presidente Trump desconsiderou as parcerias contruídas entre EUA e os países da Europa Ocidental, desde a Segunda Guerra Mundial, alvo de seus ataques.Com base no seu lema “America First”, disse que não dá para os Estados Unidos continuarem investindo na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e garantindo a segurança dos europeus, quando a Alemanha, dependente de gás, faz acordos com a Rússia, e usa a Otan para se proteger da sua parceira comercial. Ou seja, adotou o mesmo comportamento em relação aos vizinhos México e Canadá. Mais do que somar, o republicano se indispôs com os europeus, com o Congresso e mesmo com seus eleitores, que não nutrem simpatia pela Rússia.

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