Editorial Incertezas econômicas

Publicado em: 11/07/2018 03:00 Atualizado em: 11/07/2018 09:04

Causa preocupação as recentes previsões de analistas econômicos de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não deverá ultrapassar 1,5% este ano, quando todas as projeções apontavam avanço beirando os 3% e, até mesmo, ultrapassando esse índice. A cada dia surge mais um indicador negativo do desempenho da economia, e a greve dos caminhoneiros de 11 dias, em maio, contribuiu significativamente para o fracassado desempenho econômico. O clima de otimismo alimentado pelo crescimento de 1% no ano passado, taxa acima do esperado depois de dois anos de retração, vai desaparecendo à medida que novos índices são divulgados.

Recentemente, o mercado tomou conhecimento de que a paralisação dos caminhoneiros provocou impacto negativo de 10,9% na produção industrial brasileira, o que poderá inibir novos investimentos pela insegurança gerada nos meios produtivos. Dificilmente, essa queda será recuperada integralmente, pois a expectativa da indústria era de um aumento na produtividade de até 2% em maio. Os empresários do setor se mantêm cautelosos e, ainda, avaliam qual será o real impacto da greve no PIB do segundo semestre.

Outra questão que preocupa os analistas é de que a inflação, que vinha sendo controlada desde a implementação de medidas de contenção de gastos públicos, ganhou fôlego e, em junho, chegou a acumular a taxa de 4,39% nos últimos 12 meses, atingindo novo patamar, o que pode inibir o consumo. O problema é que a alta dos preços pode obrigar o Banco Central (BC) a elevar a taxa de juros antes do fim do ano, o que em nada contibuiria para sustentar o crescimento da economia, única maneira de combater o flagelo do desemprego, que prejudica os mais de 13 milhões de trabalhadores sem carteira assinada.

Além dos reflexos econômicos da paralisação do transporte rodoviário em praticamente todos os estados do país, existe grande incerteza quanto às eleições para presidente da República e a renovação do Congresso Nacional. Vai depender do quadro político que emergir das urnas a disposição dos empresários de investir em novas plantas produtivas. Hoje, a capacidade ociosa das empresas brasileiras está em torno de 30% e, somente, com um cenário favorável, a médio e longo prazos, é que haverá a retomada dos investimentos. A questão é que ninguém sabe qual política econômica e fiscal será adotada pelo novo governo, o que retrai os empresários.

O perigo real, atualmente, é a consolidação de um círculo vicioso em que as incertezas travam os investimentos, que protelam o aumento do consumo e a abertura de vagas no mercado de trabalho. O receio geral é a volta da recessão, responsável pelo maior desastre vivido pelo país nos últimos tempos, obra de governantes sem qualquer senso de responsabilidade e que só se preocupavam com projeto de poder deles. Hoje, o que o Brasil precisa e reclama é a volta do investimento, do emprego e do crescimento sustentável.

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