Editorial A hora da verdade

Publicado em: 09/07/2018 03:00 Atualizado em: 09/07/2018 06:08

Com a desclassificação do Brasil da Copa do Mundo, as eleições entrarão com tudo no radar. Os brasileiros que insistiam em adiar o debate sobre o futuro do país terão, agora, que cobrar aqueles que se dizem candidatos ao Palácio do Planalto para que apresentem suas propostas. Acabaram as desculpas. O momento é crítico. A economia está definhando, o desemprego continua latente, a corrupção se mantém presente e nada de concreto foi colocado nas discussões para enterrarmos esse filme velho que tanto nos atormenta.

Não se pode esquecer que o desencanto da população com os políticos é enorme. As pesquisas apontam que, se as eleições fossem hoje, mais da metade dos eleitores anulariam os votos ou votariam em branco. Esse quadro só será revertido se, em vez de ataques pessoas, de fake news, de promessas vazias, os postulantes à Presidência da República mostrarem, com dados consistentes, o que farão para colocar novamente o país na rota do crescimento e para combater, com efetividade, a praga da corrupção. Não há outro caminho.

Nas próximas três semanas, todas as alianças políticas terão que ser fechadas. Os acordos, porém, não devem se restringir ao rateio do Estado. Os partidos precisam assumir compromissos com projetos consistentes de governo. Dado o histórico do país, é difícil acreditar que isso vá acontecer. Portanto, caberá aos eleitores discernirem o que realmente vale a pena ser levado em consideração na hora de depositarem os votos nas unas. Uma escolha errada significará mais quatro anos de sofrimento e de decepções. O país não merece isso.

Encarar a realidade não é fácil. Talvez a desilusão com o time de Tite sirva de estopim para todos acordarem para a responsabilidade que é eleger bons políticos. O Congresso que aí está é o exemplo claro do que não podemos avalizar. Parte relevante de deputados e senadores foi pega pela Operação Lava-Jato. Muitos desses políticos dominam seus partidos e vão usar toda a estrutura de que dispõem para continuarem no poder, se beneficiando de malfeitos. Se não poderão contar mais com as doações de empresários, vão se esbaldar com recursos dos fundos recheados de dinheiro público.

Ninguém está esperando uma revolução. Infelizmente, ainda teremos eleições com velhos atores como protagonistas. Mas será possível fazer um processo de seleção, que tenderá a dar bons frutos no futuro. Os resultados serão ainda melhores se, além de escolherem bem seus candidatos, os eleitores assumirem, por completo, o papel de fiscais dos mandatos que concederam. Os políticos precisam ter a certeza de que a população já não está mais passiva. Com a quantidade de informações que recebe hoje, pode identificar o certo e o errado. O Brasil não aceita mais a omissão. Só teremos um país do qual poderemos nos orgulhar — inclusive no futebol — se todos assumirem suas responsabilidades. A hora é agora.

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