Editorial O capitalismo consciente

Publicado em: 29/06/2018 03:00 Atualizado em: 29/06/2018 09:10

Destacados setores da economia nacional acompanham com grande interesse a movimentação de um número crescente de empresas no sentido de adotar um novo tipo de filosofia nos negócios. É o chamado capitalismo consciente, em que o mais importante é a busca na criação de valores para a sociedade, e não apenas a geração do lucro pelo lucro. A nova postura de empreendedores com visão de futuro é a chave para que o sistema produtivo possa ser instrumento de transformação global, de forma a contribuir para o progresso e o desenvolvimento das nações. O processo de mudança ainda não alcançou a rapidez desejada, mas a adesão ao novo capitalismo, em que o foco central é o bem-estar do ser humano, ganha novos adeptos a cada dia. O Brasil participa do movimento mundial, mas ainda falta um plano de incentivos mais robusto para que a transição da velha para a nova forma de gerir as empresas se consolide. Na avaliação de especialistas, o país precisa inovar em políticas públicas e tecnologia. A velocidade do avanço do capitalismo consciente ainda não é ideal no Brasil, mas as empresas brasileiras estão vislumbrando a importância da mudança de cultura nos negócios e aprimorando novas práticas em temas relacionados à sustentabilidade ambiental, social e, principalmente, econômica. Economistas engajados no movimento destacam que as companhias terão de ser, cada vez mais, inclusivas e colaborativas na construção de valores para a sociedade. A transformação das companhias é bastante complexa, pois a lógica do mercado se baseia no lucro a qualquer custo. Mas se trata de caminho sem volta. A grande e revolucionária mudança é que mais e mais empresas estão muito menos focadas em incentivar o consumo e mais preocupadas em desenvolver para as pessoas aquilo de que elas precisam para a vida. Dessa forma, as organizações terão condições de produzir ou prestar algum tipo de serviço realmente útil para a população. Os consumidores estão dando um recado claro às empresas, que até pouco tempo atrás eram vistas apenas como geradoras de empregos e de lucros. Para eles, se as marcas não estiverem em sintonia com um novo modelo de desenvolvimento, serão varridas do mapa. Isso porque os clientes já não admitem adquirir produtos e serviços de uma companhia que polui o meio ambiente ou que, de alguma forma, esteja associada a escândalos ou à falta de ética nas relações com o mercado ou com o poder público. A verdade é que todos ganham quando as empresas começam a enxergar que elas devem ser agentes da transformação social, de forma a contribuir para o progresso da humanidade.

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.