Um verdadeiro fenômeno

Malude Maciel
Presidente da ACACCIL

Publicado em: 22/06/2018 03:00 Atualizado em: 25/06/2018 09:09

Com admiração compulsava as páginas do Vanguarda, naquela época, em busca da Coluna denominada: Nelseanas, assinada por, nada mais, nada menos que Nelson Barbalho. Jovem e entusiasmada, era eu a maior fã daquele estilo literário, tão despojado e até humorístico que nos brindava o magnífico autor, semanalmente, com os mais variados assuntos, sem papa na língua, consciente e inteirado no cotidiano nacional. Diferentes e sensacionais seus textos fugiam do lugar comum deixando-me deslumbrada diante das pérolas publicadas, quando eram demonstrados profundos conhecimentos da nossa História.

Admirava aquela maneira inteligente e profunda com que ele conduzia seus trabalhos e assim, resolvi escrever um livro, inspirada naquelas leituras, ousei procurar o “monstro sagrado” que estava vivendo praticamente isolado no bairro da Encruzilhada – Recife e aí descobri a pessoa mais despojada, atenciosa e altruísta descendo do seu pedestal, que ele nunca deu valor, e acolhendo-me como um mestre. Incentivou-me, corrigiu-me, orientou-me e levou a sério meu projeto. Entrar naquele mundo do acervo de sua casa foi um privilégio. Suas inúmeras produções, não somente nos escritos, mas também nas músicas e composições eram fenomenais. E a rapidez com que ele falava e escrevia não tinha igual. Talentos que me impressionaram.

Caruaru, sua terra natal, era seu tema preferido. Havia uma paixão e apego a essa terrinha santa imensurável e fazia questão de alardear tal sentimento em suas obras onde se via a beleza do amor irrestrito que transbordava sempre automaticamente.

Quisera que nossos jovens aprendessem com o legado que Nelson deixou, porque é um patrimônio histórico e cultural que tem muito a ensinar com suas cinquenta obras publicadas e mais outras tantas a serem lançadas pós morte, que aconteceu em 22/10/93. Dos treze livros de sua autoria que tenho comigo, todos com seu autógrafo, a maioria fala em Caruaru como sua musa inspiradora a quem denominou: País de Caruaru. Citaremos apenas: Caruaru de Vila a Cidade; Caruaru Cidade Princesa; Caruaru do Cel. João Guilherme; Caruaru do Meu Tempo; Baú de Sovina (caruaruísmos, nordestinidades e outros bichos); O Mundo Livre do Major Sinval (Caruaru em Versos e Prosas); Caruaru Nomes e Cognomes. Além de: Nordestinidades; Altinho; Recife Versus Olinda; Luiz Luna; Os amigos, etc.

Sua amada filha, Valéria tem se dedicado a  tirar do ostracismo tantas preciosidades que Nelson não levou a público, como o livro: José Condé, O Romancista de Caruaru. Ele recebe muitas homenagens e reconhecimentos e sua famosa música: A Morte do Vaqueiro, cantada por Luiz Gonzaga será tema da missa do Vaqueiro em Serrita, nesses dias...

Por tudo que Nelson representa para nós, caruaruenses como historiador mor e suas demais obras e expressões artísticas que elevam o nome de Caruaru, somos gratos pela sua fenomenal existência.

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