Nosso aeroporto precisa continuar crescendo

Felipe Carreras
Deputado federal, vice-presidente da Comissão de Turismo na Câmara dos Deputados.

Publicado em: 21/06/2018 03:00 Atualizado em: 21/06/2018 09:46

O Aeroporto Internacional do Recife é um dos melhores aeroportos do Brasil, foi eleito recentemente um dos dez melhores do mundo pela empresa internacional AirHelp, uma referência no setor, tem crescido acima da média nacional, está sempre na lista dos mais bem avaliados do país pelos próprios usuários, registrou um lucro de R$ 130 milhões em 2017 e viu sua malha aérea crescer assustadoramente desde 2015, devido ao trabalho que realizamos enquanto estivemos como secretário de Turismo, Esportes e Lazer do governo do estado. O equipamento ainda assumiu a liderança na movimentação de passageiros pela primeira vez na história, em 2017, e segue como um dos maiores patrimônios da aviação nacional e de todos os pernambucanos. Mesmo diante de um cenário tão positivo, o governo federal decidiu transformá-lo em uma experiência, a cobaia da quinta rodada de concessões dos terminais do Brasil. O equipamento pernambucano fará parte do novo e controverso modelo de privatização adotado pelo presidente Temer, que decidiu privatizar os equipamentos em lotes. Pernambuco está no mesmo grupo de Maceió (AL), Aracaju (SE), João Pessoa (PB), Campina Grande (PB) e Juazeiro do Norte (CE). Todos de porte muito inferior ao nosso e alguns deficitários. Apenas para se ter uma noção, os dois equipamentos da Paraíba registraram um prejuízo de R$ 15 milhões em 2017.

Com a finalidade de não permitir essa discriminação com o Aeroporto do Recife, tenho trabalhado de forma muito intensa na Camara dos Deputados para evitar que este processo continue desta forma. Não sou contra a privatização. Sou contra o modelo. Até porque nem mesmo o Ministério dos Transportes consegue explicar a mudança. Nas duas audiências públicas que promovi em Brasília, a última com a presença do Ministro Valter Casimiro, ninguém do governo federal, muito menos o ministro, conseguiram apresentar estudos que mostram que a mudança era melhor para o país e para os aeroportos. Isso explica o motivo de eles não terem comparecido ao seminário que a Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados promoveu no Recife, a qual presidi.  Também confirma que foi uma decisão política, em um ano político.

Essa discriminação com Pernambuco não pode ser aceita. Nesta quinta-feira, será realizada uma audiência pública pelo governo federal em um hotel em Boa Viagem. Esta é a oportunidade de nos posicionarmos, de declararmos que não vamos aceitar sermos discriminados e muito menos vamos pagar as contas dos demais aeroportos do lote Nordeste. Por que não fizeram o mesmo nas rodadas anteriores? O aeroporto de Salvador, por exemplo, que possui movimentação similar ao Aeroporto do Recife, foi privatizado individualmente, o que demonstra que a questão é mesmo com Pernambuco. O resultado desta privatização individual é um investimento previsto de R$ 2,8 bilhões no equipamento baiano. No nosso, por ser em lotes, será de apenas R$ 854 milhões. O resto do valor precisará ser dividido entre os outros cinco. Estamos perdendo R$ 2 bilhões que poderiam transformar nosso equipamento em algo ainda melhor, mais competitivo e com uma movimentação cada vez maior de cargas e passageiros.

Não vamos permitir que sejamos tratados desta forma. A política não pode interferir nas questões estritamente técnicas, prejudicando o desenvolvimento de Pernambuco e de todo o Nordeste. Pernambuco não é cobaia e exige respeito.

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