O berro do bacamarte na obra de Olímpio

Raimundo Carrero
Escritor e jornalista
raimundocarrero@gmail.com

Publicado em: 18/06/2018 03:00 Atualizado em: 18/06/2018 08:52

Um clássico. Este Bacamarte, Pólvora e Povo, que Olimpio Bonald Neto está lançando  na Academia Pernambucana de Letras, em esmerada edição da Cepe, é um clássico da ensaística pernambucana, a integrar a vasta biblioteca do Estado especializada nos estudos das manifestações populares que ajudam a explicar e a entender a formação do nosso povo.

Experimentado e elogiado autor de contos e poemas, Olímpio sedimentou seu nome como especialista em estudos sociais e folclóricos com este livro que, embora tenha conquistado o gosto dos intelectuais e dos leitores, a ponto de se tornar um clássico , permaneceu muito tempo nas prateleiras,  voltando ao destaque neste ano da glória de 2018 com esta edição da Cepe que, mais uma vez, e em boa hora, cumpre a tarefa de publicar e divulgar nossos autores decisivos.

Parece, porém, que este é o destino dos clássicos: seduzem e conquistam os leitores , mas logo se recolhem às prateleiras, onde permanecem distantes dos olhos curiosos dos interessados, até que, periodicamente, voltam a conhecer novos ares, agitando e engrandecendo. Assim tem sido na história das letras nacionais e internacionais.

Vivíamos os ásperos tempos iniciais da década de 60 do século passado quando Olímpio, já enveredando o caminho das letras, sobressaindo-se sobretudo como conquista, decidiu pesquisar com mais profundidade o folclore do Estado enveredando pelas áreas ainda não exploradas suficientemente. O campo descobriu a dos folguedos juninos, destacando a manifestação do fogo, da pólvora, em consequência e, além, as armas e os armamentos, típico das celebrações de meio de ano. Aí estavam o bacamarte e a pólvora, reclamando mais atenção. E, por extensão, do Brasil.

Aos poucos foi se aprofundando, lendo, entrevistando, localizando grupos e bacarmateiros. Era a se explorar fundamente. Até que surgiu a plaquete, em princípio e depois o livro, logo publicado pelo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais - organismo responsável pelos estudos e publicações na área. Imediatamente despertou o interesse acadêmico, mas não tinha as edições exigidas pelo tempo. Reveste-se, assim, de grande importância, o lançamento da Cepe. Sempre atenta aos interesses intelectuais de Pernambuco e do Nordeste.

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