Editorial Informação, a arma contra fake news

Publicado em: 09/06/2018 03:00 Atualizado em: 10/06/2018 21:36

“Estes são tempos de transição, que nos impõem cautela redobrada.” A afirmação do ministro Sérgio Silveira Banhos, do Tribunal Superior Eleitoral, consta da sentença referente a ação movida por Marina Silva. A pré-candidata à Presidência da República alegou ter sido vítima de fake news. Desde abril de 2017, página do Facebook publicou cinco notícias falsas contra a postulante da Rede. Entre elas, que Marina se financia com caixa 2, que recebeu propina de R$ 1,25 milhão da Odebrecht, que foi delatada por Léo Pinheiro, executivo da OAS.

O juiz deu prazo de 48 horas para a retirada dos links com informações falsas. Caso não o faça, a plataforma será multada. Também exigiu a identificação dos criadores dos perfis e dos administradores, além dos números dos IPs das conexões usadas. A decisão, embora correta, não tem o poder de apagar os estragos feitos. Consta que a responsável pelas postagens contabiliza mais de 1,7 milhão de seguidores.

Eles, com certeza, compartilharam a notícia com os próprios seguidores, que, por sua vez, fizeram o mesmo e, assim, sucessiva e indeterminadamente. A primeira postagem, vale lembrar, foi feita em 16 de abril de 2017. Em mais de um ano de circulação, o mal se disseminou exponencialmente. Um ou outro que tiveram acesso à fraude tomarão conhecimento do embuste. A maior parte estará contaminada pela leitura feita.

As fake news não constituem fenômeno novo. Notícias enganosas sempre existiram e sempre existirão. O novo são as mídias sociais. Com elas, ganhou-se rapidez, facilidade, escala, gratuidade e, não raro, anonimato. Mais: a mentira, profissionalmente urdida, não tem fronteiras. Trata-se de fenômeno mundial cujo poder se comprovou nas eleições americanas e no Brexit, que retirou o Reino Unido da União Europeia. Inexiste receita eficaz capaz de cortar as cabeças da hidra.

Em outubro, o Brasil vai às urnas. As fake news têm frequentado a pauta do TSE, que assinou compromisso com 10 partidos para combatê-las e lutar pela lisura do pleito. Especialistas, candidatos, agremiações e eleitores também se preocupam com o risco iminente. Como prevenir a contaminação da eleição de outubro? Uma resposta unânime é a informação séria e apurada. Os meios de comunicação de massa terão, sem dúvida, papel primordial no processo.

Eventos como Correio entrevista — pré-candidatos 2018, promovido pelo Correio Braziliense/Diario e o Sindifisco na quarta-feira e transmitido em tempo real pelo Facebook e o site do CB, contribuem para dar visibilidade, divulgação e transparência às propostas. Ao dar voz direta aos postulantes — sem discriminação, sem intermediários, sem distorções — a iniciativa proporcionou ao eleitor a oportunidade de conhecer os aspirantes ao Planalto, suas proposições e o projeto que desenham para o Brasil. A informação é o melhor (talvez o único) antídoto contra as fake news.

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