Gasogênio, um retrocesso para usuários de veículos

Giovanni Mastroianni
Advogado, administrador e jornalista

Publicado em: 06/06/2018 03:00 Atualizado em: 06/06/2018 08:43

Um verdadeiro caos registrou-se no Recife, como de resto em todo o país, em face da greve dos caminhoneiros, que exigem, com justíssima razão, a baixa dos preços dos combustíveis, tendo em vista as constantes e indiscriminadas altas. A greve coletiva acarretou a consequente escassez  daquela substância, cuja utilização é imprescindível para produzir a indispensável combustão para movimentar os motores dos veículos que utilizam esse processo. A paralisação ensejou a falta de gasolina, óleo diesel e álcool, em postos especializados, e muitos dos aproveitadores, que dispunham da reserva desses característicos produtos, aproveitaram-se do momento para aumentar, excessivamente, os preços daqueles indispensáveis derivados do petróleo e da cana de açúcar.

As consequências de tais desabastecimentos foram danosas, sob todos os aspectos, principalmente àqueles que dependem dos transportes coletivos em seus deslocamentos diários para o trabalho, pois os empresários garagistas, responsáveis pelas frotas que atendem à população, foram obrigados a reduzir o quantitativo de ônibus e conseguinte diminuição dos veículos de transporte, com elevado prejuízo para os habituais passageiros. Não somente estes usuários ficaram prejudicados, como, também, evidentemente, os condutores de veículos particulares, que se viram privados daqueles reais combustores.

Dispensável afirmar que com a redução obrigatória dos transportes coletivos os estabelecimentos escolares foram obrigados a suspender suas aulas, fator que se repetiu, até mesmo, em empresas particulares, principalmente comerciais, por falta do público em geral, que não quis correr riscos de não dispor de meios de transporte para a volta às suas residências.

Vítima, também, da falta de tão imprescindíveis produtos, lembrei-me do tempo da segunda guerra mundial, quando os veículos de qualquer natureza, fossem carros de luxo, utilitários ou coletivos, em virtude do racionamento obrigatório, imposto pelo governo, eram obrigados a utilizar o gasogênio, palavra que, por certo, é desconhecida da maioria dos leitores e que só pesquisando os bons dicionários encontrarão como sendo “gás pobre formado a partir  do carvão ou da madeira, empregado nos motores a explosão como substituto da gasolina.”

Oxalá esse recurso não se faça mais necessário, pois seria lastimável, quer pela impropriedade de seu artesanato como por contrariar todo e qualquer aspecto de estética, que mais se assemelha a um fogão de lenha, que, em verdade, aparenta ser, pois, por mais incrível que possa parecer, é sempre movido a carvão ou madeira, deixando elevados rastros de fumaça no ar...

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