Lições nas estradas

Ricardo Essinger
Presidente do Sistema FIEPE

Publicado em: 05/06/2018 09:00 Atualizado em:

Das muitas lições que devem ser aprendidas, das incontáveis reflexões que todos os segmentos da sociedade podem e devem fazer, a partir da recente mobilização dos caminhoneiros, duas se sobressaem e se mostram por inteiro.

A primeira é que o modal rodoviário está fora da realidade brasileira, sem integração com outros meios de transportes, exaurido pelos altos custos. A segunda é que somente a união e o comportamento positivo de todas as forças produtivas nacionais podem levar a superar estes tempos de muitas dificuldades e de incertezas.

Atingido por múltiplos problemas, que se tornaram mais visíveis com a complexa greve dos caminhoneiros, o transporte rodoviário enfrenta imensa carga de problemas que não vem de hoje.

Os tributos descabidos, a descapitalização, as estradas esburacadas, intransitáveis, a falta de segurança e o apoio inexistente se mostraram em toda a extensão.

Nos meados do século passado, o Brasil praticamente abandonou o transporte ferroviário, particularmente no Nordeste, confiante no possível crescimento da indústria automobilística e no aumento da malha rodoviária. Não aconteceu.

A queda no setor que havia recebido, recentemente, uma pausa, um alento com a ampliação do comércio on-line, terminou revelando que o caminho da volta parece mito além da curva. É um beco sem saída, com graves consequências para a já desgastada economia, para as estabilidades política e social do país.

Pelas peculiaridades geoeconômicas, pela distância do litoral ao Sertão, pelas restrições aos modais alternativos, Pernambuco é candidato a ser o mais duramente castigado.

Figurando como a 12ª maior malha rodoviária do país, apesar da pequena dimensão territorial, o estado dispõe de 44,9 mil quilômetros de estradas, mas somente 15% são pavimentados - cerca de sete mil km. Levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Transportes, em 2015, mostrou que apenas 133 quilômetros foram avaliados como de ótimo estado de conservação. Classificados como péssimos, foram 500 quilômetros.

Diante dessa realidade, é urgente a necessidade de partir para a recuperação não apenas das estradas, mas de todos os caminhos possíveis de levar o estado a contribuir para que o Brasil possa voltar a trafegar pelas vias da esperança e do desenvolvimento.

Parceiro produtivo de toda a história pernambucana, o segmento industrial, ao mesmo tempo em que registra as mais sérias preocupações com as sucessivas crises, coloca-se na linha de frente na busca por soluções e alternativas que sejam capazes de encurtar e superar os tempos difíceis que estão na nossa frente.

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