Henrique Joaquim Ferreira Cruz

João Rogerio Alves Filho
Economista

Publicado em: 01/06/2018 03:00 Atualizado em: 01/06/2018 08:45

Esta semana nos despedimos fisicamente de um dos homens mais importantes na construção desses meus 50 anos de vida.

Como pai de meus irmãos de coração, me mostrou a importância de, além de educar formalmente (o que o fez com maestria), estar sempre proporcionando a convivência constante, congregadora. A importância de sempre se ter o “núcleo duro” de sua aldeia por perto, para rir, chorar, brigar, jogar futebol, falar mal do Glorioso, criticar os políticos. Não importa para que fosse, juntos sempre. Mostrou-me que educação é constante e é troca; sempre!

Enquanto amigo, foi um homem de gestos largos. Testemunhei por diversas vezes ser ele capaz de passar por cima de dissabores que alguns lhe trouxeram, ou mesmo grandes mágoas, sempre em valorização de uma história de vida. Um homem que, no final de tudo, mostrou-nos que a tensão de hoje jamais poderá apagar décadas de relacionamento. Um homem que sabia que não há futuro sem um passado firme e sólido.

Como educador de seus segundos filhos, onde me incluo, era capaz de “carões” avassaladores. Levei algumas dúzias deles, mas depois ele sempre me colocava em seu time na pelada e comemorava comigo o gol que propositadamente me deu para fazer - eu fingindo que não havia percebido. Era como se dissesse: você fez besteira, mas és um campeão. Ainda nesse quesito, nunca se reservou ao atacado e grandes temas, pois sabia que o papel do pai de um amigo irmão de seus filhos é o de ser pai também. Lembro de reprimendas do dia a dia, assim como de orientações bem mais sérias e profundas; sempre lançando ele mão da autoridade que sabia possuir. Autoridade essa construída pelo exemplo e a convivência que catalisava para o entorno de si.

Nosso “Doc” foi um dos profissionais liberais que mais me influenciou e aos que tiveram o privilégio de receber seus exemplos. Ele nos ensinou que a remuneração tem que ser consequência de competência, dedicação e possibilidade do cliente em arcar com tal ônus. Desconheço alguém que a ele recorreu e não recebeu seu atendimento. Ensinou enfim que o material não deverá nunca, jamais, ser um fim em si mesmo. Essa talvez não tenha sido a maior, mas por certo, a mais especial lição que me ensinou nesses tempos estranhos e de inversão de valores que atravessamos.

Um homem especial.

Vá em paz Doc, estou certo que Magrão pegou aquele pênalti para coroar a sua entrada triunfante na morada eterna dos bons. PST.

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