Em defesa da Petrobras

José Audisio Costa
Professor da UFPE e diretor da Adufepe

Publicado em: 31/05/2018 03:00 Atualizado em: 31/05/2018 09:24

A crise de abastecimento de combustível vivenciada neste momento mostra a importância da manutenção da Petrobras como uma empresa com o controle estatal e não privada como quer o governo. Os combustíveis são essenciais para vida moderna de uma nação e indispensáveis para seu desenvolvimento e soberania.

A greve em curso é resultado da falta de compromisso do governo federal para com o povo e a nação brasileira, quando coloca uma das mais importantes empresas públicas a mercê do capital internacional ao invés de coloca-la a serviço do povo brasileiro. A política da definição de preços em função da variação diária do dólar, e do valor do petróleo no mercado internacional, é contraria aos interesses da nação.

A greve, nomeada como unicamente de caminhoneiros, na verdade é dos grandes empresários que controlam o transporte de combustíveis e de outras mercadorias (aproximadamente 70% do transporte nacional). Os pequenos transportadores individuais (cerca de 30%) foram vitimas da falta de combustível e não da determinação de pararem suas atividades. Nesta “greve” não há qualquer pauta em defesa ou melhoria de direitos trabalhistas dos caminhoneiros, mas principalmente retirada de impostos. Impostos estes que são destinados a seguridade social, previdência e saúde e outras ações. Por outro lado, a redução do ICMS, o qual é repassado aos estados e municípios, resultará na falta de recursos para garantir os serviços públicos de apoio à população.

Quando analisamos de forma crítica a instauração do caos serve para duas possibilidades: 1- Mais um golpe à nação para que não haja eleições em 2018. 2- Justificativa para a entrega da nossa Petrobras ao capital Internacional.

A população precisa saber que o custo da gasolina é R,03, e que a distribuidora BR pertence à Petrobras. Com a privatização da PETROBRAS o Brasil perde o controle do preço do combustível através das distribuidoras, que passara a ser de empresas multinacionais.

Recentemente a Associação dos Engenheiros da Petrobras lançou nota em defesa da Petrobrás descaracterizando as críticas feita a esta empresa e chamando a atenção para o fato de haver uma grande mudança gerencial na Petrobras que prejudica o desenvolvimento do Brasil e a geração de empregos.

No primeiro quadrimestre deste ano, o Brasil aumentou em 58% a importação de diesel em relação ao mesmo período de 2017, se comparado a 2016 o aumento foi de 235%. Com esta medida, ganham empresas multinacionais e perde o Brasil. Temos grave crise nos estados e municípios resultante da redução de impostos arrecadados. Mais grave ainda, nossas refinarias estão subutilizadas e nossos trabalhadores demitidos ou com produtividade baixa em consequência da decisão política de importar em vez de produzir.

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