Editorial SOS Caminhoneiro

Publicado em: 31/05/2018 03:00 Atualizado em: 31/05/2018 09:24

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou ontem a criação de um canal direto para denúncias de violência contra caminhoneiros que querem trabalhar, mas estão sendo impedidos.  

Com a divulgação do número de telefone do SOS Caminhoneiro (61-99154.4645), o governo federal espera receber por mensagens de WhatsApp as informações que serão utilizadas para auxiliar no desbloqueio de rodovias e nas ações da área de segurança para tentar identificar e punir “com rigor” os responsáveis pelas agressões aos caminhoneiros.

Para Jungmann, trata-se de “violência política” contra aqueles que tentam deixar as mobilizações da categoria. “Estamos assistindo a um espetáculo degradante de covardia daqueles que querem impedir os caminhoneiros de realizar o seu trabalho. Vamos acabar com esse constrangimento e acabar com essa forma covarde de agredir aqueles que querem simplesmente trabalhar”, condenou.

No início da tarde de ontem, um motorista de caminhão foi morto com uma pedrada na cabeça, quando trafegava na BR-364, no município de Vilhena, em Rondônia. Os atos de vandalismo, segundo o governo, são praticados por elementos estranhos à categoria, infiltrados no movimento.

Em Tocantins, um motorista que tentava seguir viagem na tarde de terça-feira foi covadermente espancado por manifestantes que bloquearam a pista. Ele dirigia um caminhão-cegonha e foi surpreendido por um grupo de supostos grevistas. Um outro registro de agressão foi feito em Campina Grande, na Paraíba, na noite de terça-feira. Pessoas com os rostos cobertos e vestidas de branco quebraram carros que tentavam trafegar no meio da via.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, e a advogada-geral da União, Grace Mendonça, também condenaram a ação de grupos infiltrados.

Etchegoyen afirmou que o governo está “profundamente preocupado” com os atos de violência contra caminhoneiros pelo Brasil. Ele classificou as imagens e relatos de agressões divulgados pela imprensa como “violência impensada”. Para o ministro, “aproveitadores” estão ultrapassando “todos os limites da civilidade e da negociação”. Ele disse que, após acordo com o governo, a violência tem sido usada como argumento para manter a paralisação dos caminhoneiros e impedir a normalização do abastecimento.

“É preciso que tenhamos claro que haverá e está havendo não só o emprego da autoridade do Estado, como as responsabilidades criminais em todos os aspectos e todas as frentes que isso puder acontecer”. Ele enfatizou que o uso da violência “não pode estar disponível como forma de pressão de movimentos trabalhistas nem como forma de atuação política”.

O ministro fez um apelo para que os caminhoneiros não se deixem intimidar e garantiu que as forças de segurança garantirão a sua segurança. “Vamos atuar com a energia que se fizer necessária”, garantiu.

Grace Mendonça, por sua vez,  afirmou que as cenas de violência não encontram qualquer amparo no Estado Democrático de Direito. Segundo ela, não estamos mais diante de ações de natureza reivindicatória. “O que assistimos agora são ações antidemocráticas que merecem uma ação firme do Estado”, enfatizou.

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