Editorial Uma chance à conciliação

Publicado em: 25/05/2018 03:00 Atualizado em: 25/05/2018 08:28

Uma notícia desejada por todos se concretizou ontem à noite: um acordo foi firmado entre o governo federal e representantes dos caminhoneiros, suspendendo a greve por 15 dias. Das 11 entidades da categoria presentes ao encontro, apenas duas não aceitaram os termos do acordo, segundo o noticiário nacional. Não é o fim do movimento, mas é um sinal de boa vontade das duas partes, mostrando que ambas estão interessadas em encontrar uma solução.

Sem entrar no mérito das reivindicações dos grevistas, o fato é que a paralisação - que estava no seu quarto dia - já afetava estradas de 25 estados e de Brasília, com reflexos diretos  no desabastecimento de combustíveis e mobilidade das pessoas, gerando uma série de consequências no dia a dia de todos nós (como o cancelamento de aulas nas escolas, por exemplo). “(a greve) estava causando transtorno à vida do cidadão brasileiro”, disse o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marum. Já o ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil, adotou um tom mais conciliatório, dizendo que “a família brasileira” precisa dos caminhoneiros e que o país sentia a necessidade de “retornar à vida normal”.

O acordo chegou no momento em que a paralisação entrava numa fase de agravamento das tensões. De um lado, a proliferação de notícias falsas com potencial para causar pânico, dizendo que as pessoas deveriam “estocar comida e abastecer seus carros”; de outro, a perspectiva de posição mais dura do governo. Ontem, por exemplo, o ministro Raul Jungmann, da Segurança Pública, já havia subido o tom em relação à greve. “Pelas informações que tenho recebido, o movimento se caracteriza como um locaute capitaneado por grandes empresas distribuidoras que querem manter suas margens (de lucro)”, disse ele.

A conciliação surgida no acordo anunciado ontem é um passo adiante no sentido de se encontrar os termos que, na medida do possível, atendam aos interesses de todos, e preserve a normalidade do país. “Acho que os caminhoneiros vão ter a responsabilidade, ter o entendimento do que foi conquistado para eles e começar uma desmobilização de forma pausada, organizada, sem correria”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, que participou da reunião com os ministros. Ele defende que isso comece a ser feito já nesta sexta-feira.

Reivindicações feitas por categorias profissionais ao governo são fatos corriqueiros de qualquer democracia. Já o confronto nunca tem vencedores, e entre os perdedores sempre está a população. Por isso, merece ser saudada a disposição mostrada por governo e grevistas, ontem, para tentar buscar uma saída negociada. Este é o final desejado por todos nós para esta história.

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