Editorial O perigo do terror

Publicado em: 18/05/2018 03:00 Atualizado em: 18/05/2018 08:49

As autoridades federais não podem baixar a guarda quanto à vigilância e o rastreamento das atividades de organizações terroristas que tentam usar o território nacional como base de apoio ou de atuação direta. Histórias e boatos a respeito de brasileiros que apoiam e até participam de forma efetiva de grupos ligados ao terrorismo internacional são muitos. As evidências vieram à tona, agora, com investigações da Polícia Federal, a partir de novembro de 2016, depois de um alerta da Guarda Civil da Espanha.

Após dois anos e meio de investigações, o Ministério Público denunciou 11 cidadãos brasileiros pela criação de uma organização e pela promoção do carniceiro Estado Islâmico, mais conhecido pela sigla EI. O grupo é responsável por repugnantes chacinas em territórios da Síria e do Iraque e onde se autoproclamou um califado, inspirado nos existentes na Idade Média. Sem qualquer compromisso com questões humanitárias, o EI promoveu genocídios por motivação étnica e religiosa, levando milhares à morte por execuções sumárias.

A organização terrorista, banida pela comunidade internacional, ao perder terreno no Oriente Médio, tenta estender seus tentáculos mundo afora. Com as investigações da Operação Átila da Polícia Federal, ficou evidente que o Brasil também está na mira dos insanos e sectários membros do EI. Embora a movimentação do grupo de brasileiros tenha sido descoberta antes da concretização de qualquer ação concreta, não se pode subestimar a capacidade, determinação e o radicalismo dos envolvidos com a organização terrorista.

De acordo com a denúncia do MPF tornada pública recentemente, alguns dos acusados de promover o Estado Islâmico no Brasil tinham um plano para um atentado no país. Eles trocaram mensagens sobre a oportunidade de uma ação terrorista durante o Carnaval. Discutiram qual seria o melhor alvo, o Rio de Janeiro ou Salvador. Um dos acusados diz que o atentado na Cidade Maravilhosa poderia ser como o ataque à Ponte de Londres, ocorrido no ano passado, quando terroristas atropelaram e esfaquearam transeuntes, matando oito pessoas e ferindo 48. O interlocutor argumenta que Salvador seria melhor, por ter mais gente na rua.

O Brasil, até hoje, é tido como uma ilha de tranquilidade num mundo abalado pela crueldade do terrorismo. No entanto, a apuração da Polícia Federal mostra outra realidade. Não deixa margem de dúvida de que a atuação da organização extremistas é real, pois o grupo descoberto pela PF tinha contatos com membros de organizações terroristas da Síria, Turquia, Líbia, Afeganistão e Estados Unidos. E tinha como objetivo discutir a criação de uma cédula de terror do EI no país. Por tudo isso, Executivo, Judiciário e Legislativo têm de estar em alerta máximo, e, cada um em sua esfera de atuação, tudo fazer para impedir mais um flagelo em solo nacional.

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