Educação física nas escolas

José Luis Simões
Professor do Centro de Educação/UFPE.
opiniao.pe@DIARIODEPERNAMBUCO.com.br

Publicado em: 02/05/2018 03:00 Atualizado em: 02/05/2018 09:10

Estudo educação física escolar desde 1992. Compreendo e defendo que a educação física é imprescindível na formação integral dos indivíduos. Digo, ainda, que a educação física é componente curricular fundamental na formação do cidadão crítico, participativo, pleno.

Entretanto, apenas 45% das escolas do Brasil (públicas e privadas) contam com programas específicos para promover atividades físicas. Há um déficit do conteúdo educação física nas escolas. Além disso, das instituições que prestigiam esse conteúdo curricular, nem todas contratam professores habilitados.

No parágrafo 3º do artigo 26 da LDB/1996, a educação física aparece como componente curricular obrigatório na educação básica. A legislação valoriza a educação física nas escolas, todavia, governos municipais e o estado de Pernambuco não garantem a presença de professores para ministrar aulas desta disciplina nas séries iniciais. A legislação valoriza o conteúdo, mas não exige que seja ministrado pelo professor de educação física. Então, há necessidade de atualizar a legislação educacional para que os professores de educação física assumam essa tarefa, afinal, a preparação técnica e pedagógica desses profissionais tem foco nas atividades físicas e na cultura corporal.

As crianças que estão nas séries iniciais não podem continuar com aulas improvisadas. Assim como o professor de educação física não está habilitado para ministrar conteúdos de matemática, física ou geografia, docentes de outras áreas não tem preparação técnica para aplicar atividades físicas e esportivas nas escolas.

Um levantamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) pesquisou 572 escolas de diferentes regiões e níveis econômicos para avaliar a oferta de práticas esportivas e recreativas no contexto escolar. A conclusão foi que as escolas brasileiras estão longe de ser ambiente de estímulo à prática de esportes e exercícios físicos.    

No Brasil, apenas 51% das escolas públicas possuem professores de educação física. É uma realidade que precisa mudar. Como disse João Batista Freire, em seu livro Educação de Corpo Inteiro, quando matriculamos as crianças nas escolas, seus pés, pernas, braços e troncos também são matriculados, ou seja, a criança não é mera caixinha depositária de informações no cérebro. O ser humano precisa ser desenvolvido em todas as suas dimensões.

A reforma educacional que o Brasil precisa é aquela que garanta estrutura física adequada para o bom funcionamento dos estabelecimentos de ensino, equipe pedagógica qualificada, professores valorizados, motivados, e que atuem na sua área de formação. Diferente disto, as chamadas “reformas do ensino” são meras peças publicitárias de governos.

A educação física pode ser uma disciplina agregadora, inclusive, para diminuir os índices de evasão escolar. No ano de 2018, que temos Copa do Mundo, seria um golaço se a educação física e os profissionais da área recebessem o devido reconhecimento e valorização. Quem mais ganharia com boas aulas de educação física nas escolas são os estudantes, que são o futuro do Brasil.

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