Brasil é área livre de aftosa com vacinação

Carlos Ramalho Júnior
Superintendente Federal de Agricultura em Pernambuco

Publicado em: 01/05/2018 03:00 Atualizado em: 01/05/2018 08:41

Tem início neste mês mais um ciclo de vacinação de bovinos e bubalinos contra a febre aftosa, em todo o país. A doença foi registrada no Brasil, pela primeira vez, no final do século 19. E, graças a uma ação bem coordenada entre União, estados e municípios e também produtores, o último caso de aftosa foi registrado em 2006. As ações de combate à doença, capitaneadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) têm 50 anos de história e um único objetivo: a erradicação da febre aftosa e o devido reconhecimento mundial de que o país está livre da doença.

Este ano, degrau da busca por esse objetivo foi alcançado: as ações empreendidas ao longo da história para eliminar a doença do rebanho brasileiro serão solenemente reconhecidas na 86ª Sessão Geral da Assembleia Mundial da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Paris, França, de 20 a 25 de maio. O encontro reunirá delegados dos 181 Países Membros e contará com a presença de chefes de Estado e ministros de Agricultura, que concederão o Certificado Internacional de País Livre de Febre Aftosa com Vacinação, abrangendo os estados que ainda não são considerados livres, como Amapá, Roraima, parte do Amazonas e do Pará. Dessa forma todo o país será livre com vacinação, exceto o estado de Santa Catarina que já é livre sem a vacinação. Em outras palavras, o Brasil está oficialmente reconhecido como área livre de aftosa com vacinação.

Hoje o Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo, somando 218,7 milhões de cabeças de bovinos e bubalinos. É também o maior exportador de carne com vendas para mais de 140 países. Em Pernambuco, o rebanho é de aproximadamente 1,8 milhão de bovinos e bubalinos. O contingente já foi maior, porém, os anos de estiagem causaram a morte ou a movimentação de cabeças de gado para outras unidades da federação

O esforço sanitário que vem sendo realizado em Pernambuco, por meio da parceria entre a Superintendência Federal de Agricultura em Pernambuco (SFA-PE), e a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária (Adagro), garante coberturas vacinais de quase 100% no rebanho do Estado, contribuindo para que o país alcance esse reconhecimento.

O Brasil receberá o certificado internacional de zona livre de febre aftosa com vacinação, abrangendo os estados do Amapá, Roraima, partes do Amazonas e Pará. Com isso, o processo de implantação de zonas livres de febre aftosa alcança toda a extensão territorial brasileira e o país torna-se Livre da Febre Aftosa.

O próximo passo será a última etapa de erradicação da doença, com ampliação da zona livre de febre aftosa sem vacinação, conforme prevê o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA). Para isso será fundamental fortalecer os Serviços Veterinários, a vigilância e a prevenção da doença, e as parcerias público-privadas.

A retirada da vacinação em todo território nacional está prevista para ser realizada por etapas e a sua conclusão para 2026. O objetivo é criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa sem vacinação, protegendo o patrimônio pecuário nacional.  O PNEFA está previsto para ser executado nos próximos dez anos, alinhado com o Código Sanitário para os Animais Terrestres, OIE, e as diretrizes do Programa Hemisférico de Erradicação da febre aftosa.

A vacinação correta contra a febre aftosa de bovinos e bubalinos, de acordo com o calendário nacional, é essencial na prevenção da doença. É também muito importante que o produtor adquira somente animais sadios e de origem segura. O transporte de animais sempre deve ser acompanhado da Guia de Trânsito Animal (GTA).

Em caso de suspeita da doença, o Serviço Veterinário Oficial estadual, a Adagro, precisa ser imediatamente informado para que haja atendimento rápido e eficaz, evitando que a eventual ocorrência se alastre e cause maiores prejuízos à pecuária nacional.

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.