Editorial Lições do Polo Jeep em Goiana

Publicado em: 28/04/2018 03:00 Atualizado em: 28/04/2018 19:40

O Nordeste ainda não é o que poderia ser, mas também não é mais o que era - ou, pelo menos, não é mais a cópia fiel das imagens de pobreza e penúria que costumavam ser associadas à região. Quem quer que se dê ao trabalho de observar detidamente o que aconteceu nos últimos tempos, verá que o cenário já incorpora novas paisagens. É o caso, por exemplo, do Polo Automotivo Jeep, projeto da Fiat Chrysler Automobiles erguido numa área onde sempre reinaram os canaviais.

Inaugurado há três anos - no dia 28 de abril de 2015 -,  o empreendimento ocupa uma área construída de 270 mil metros quadrados e acaba de bater a marca de 400 mil unidades, como mostra reportagem nesta edição do Diario, no caderno DPempresas. Recentemente a fábrica começou a trabalhar em três turnos, sistema que lhe permite produzir 880 unidades por dia. Os carros destinam-se ao mercado nacional e também ao exterior, impactando a balança comercial pernambucana.

O Polo produz três modelos: Compass e Renegade, ambos da categoria mais em evidência no momento, a dos SUV (Veículo utilitário esportivo, na sigla em inglês), e a pícape Fiat Toro. Saiu de Goiana o SUV mais vendido do Brasil em 2017: o Jeep Compass, veículo que tem versões entre R$ 110 mil e R$ 160 mil. A produção do polo colocou o município de Goiana, a cerca de 60 km do Recife, no mapa das instalações automobilísticas do país. Na imprensa especializada no setor, concentrada basicamente em São Paulo, tornou-se comum, nas matérias sobre o Renegade, o Compass e a Picape Fiat Toro, ver-se sempre a referência ?produzido em Goiana (PE)?.

Diferentemente do que ocorre em outros estados do Sudeste, onde a indústria automobilística surgiu e desenvolveu-se, a região de Goiana não tinha nenhuma tradição no setor. Tudo começou do zero - inclusive a capacitação dos profissionais. Na reportagem do Diario uma frase do gestor do Polo, Pierluigi Astorino, é significativa sobre as transformações e os efeitos operados pela fábrica na região. “A necessidade de treinar com rapidez muitas pessoas sem experiência no setor”, diz ele, “fez com que o time da Jeep adquirisse habilidades e competências  para desenvolver programas de capacitação que a tornaram referência no grupo no mundo”. Ano passado, para dar um exemplo, a fábrica teve 775 turmas de treinamento, submetidas no total a 12 mil horas de ensinamento.

Em apenas três anos, o Polo Automotivo Jeep já se consolidou como um empreendimento de sucesso. É exemplo das transformações ocorridas no Nordeste e inspiração para outras que ainda precisam ser feitas na região.

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