Ainda a escuridão reinante

Nagib Jorge Neto
Jornalista

Publicado em: 18/04/2018 03:00 Atualizado em: 18/04/2018 08:43

Desde 2016 que muita gente escreve nos jornais ou nas redes sociais sobre o golpe midiático-parlamentar. A Operação Lava-Jato, que tem origem na maquinação de Joaquim Barbosa, - “processo do “mensalão” - ou muito antes na fase do macartismo nos Estados Unidos, tida como ação em defesa da pátria e da democracia. Nessa linha, as abordagens seguem na pregação do moralismo, pressão da mídia e do Judiciário, com louvações ou críticas amenas às delações e prisões arbitrárias sempre na base do “faz que vai mas não vai”, ou do “é – não é – sendo”, de forma a lançar “punhados de perplexidade” sobre os fatos e a vida. Daí o discurso da mídia – corrupção, segurança - ignora a intervenção no Rio, o controle das forças armadas, a intenção de ocupar outros Estados, com a “Síndrome do Cabrito” – sobe e desce morro – a alusão ao “Perigo Vermelho” (usado nas favelas cariocas), afora a subserviência de civis que não mandam mais em nada - Michel Temer e Raul Jungmann.   

É um retrocesso, com notícias sobre corrupção, crimes, tal como ocorreu nos idos de 1964. Nada de novo na postura da mídia, do Congresso, mas cabe lembrar que esse enfoque evoca uma lição do poeta Eugênio Coimbra Junior, jornalista e então editor do Jornal do Commercio. Ele estava na redação e de repente faltou energia na área do jornal. Então, chamou os repórteres de polícia e indagou: estão vendo alguma coisa? Nada: Está tudo escuro. Então é isso que ocorre à noite, diante de um assalto ou crime, e vocês resumem o fato com a expressão “na escuridão reinante”, que não ajuda a informar coisa nenhuma.

Em suma, os críticos do golpe e da operação lava jato têm um discurso óbvio, ou seja, ninguém acredita mais em nada, as pesquisas mostram que a maioria ou boa parte dela prefere não votar ou já decidiu votar em candidatos que não fazem política ou defendem a volta dos militares para combater a corrupção. Esse discurso vem sendo frequente nas emissoras de TV e rádio, uma delas citando pesquisas que devem ser secretas, pois não aparecem em jornais ou emissoras de televisão.

Enfim uma bobagem, ou farsa para enganar a opinião pública, pois no curso da campanha, da eleição que visa gerar aparência de legalidade (isso aconteceu na campanha do voto nulo, em 1970) não vai faltar dinheiro, cabo eleitoral, e quem cair na asneira, crença na mídia e na república de Curitiba, não vai avançar coisa nenhuma. Mais: após o relatório da CPI feito por Amir Lando, do impeachment, de Fernando Collor, o deputado Benito Gama – baiano e golpista – trombeteou que o país não seria mais o mesmo. Deu no que deu: FHC, agora pregoeiro de mudanças, privatizou quase tudo, quebrou o país e sobrou pra Lula o pepino e a luta para vencer as restrições da nossa elite que apostava no seu fracasso.

Não vingou a expectativa, o governo fez alianças, criou e incentivou programas sociais e enfrentou a crise de 2007/2009, agora criticada pela mídia e os grupos que apostaram no golpe e ignoram as propostas de crescimento e preservação de nossas empresas estatais ou privadas, tidas como corruptas ou ineficientes. É a tentativa de volta da submissão aos impérios americano ou inglês que buscam saídas na América Latina e na África para manter suas economias e condições de vida digna, ameaçadas pela crise do sistema liberal e a violência do estado islâmico.

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