A criatividade nossa

Luzilá Gonçalves Ferreira
Doutora em Letras pela Universidade de Paris VII e membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 17/04/2018 03:00 Atualizado em:

Uma década para lembrar. É o titulo da belíssima exposição, recentemente inaugurada, que abrange parte do trabalho dessa incansável Margot Monteiro, à frente do Museu do Estado de Pernambuco, uma mostra do que tem produzido ao longo dos anos, nossos artistas, eruditos ou não, indígenas, artesões, escultores, pintores, desenhistas. Na apresentação da mostra, o governador Paulo Cámara assinala a importância do evento para a preservação de nossa memória. Memória registrada em álbum publicado pela Sociedade dos Amigos do Museu do Estado de Pernambuco, lançado na noite do vernissage, semana passada, ele próprio um primor, preciosidade com  reprodução das riquezas da arte pernambucana, a se guardar, se olhar, se amar. Várias salas do Mepe foram reservadas para a mostra, tudo exposto com o saber, o bom gosto, a inventividade de criadores, arquitetos, que fizeram do espaço do museu ele mesmo um lugar de convivência, de trocas entre visitantes e criadores, e no qual a gente se sente participar de uma produção artística, cuja diversidade, criatividade, riqueza de um imaginário nunca desmentido através de nossa história, nos levam a descobertas, momentos de fruição da beleza, e até orgulho, por que não o confessar, do que fomos e somos. Na apresentação do álbum, que será distribuído para bibliotecas públicas de todo o pais, o  Secretário Marcelino Granja lembra a importância da arte compartilhada e da crença de que “somente uma sociedade culturalmente forte é capaz de resistir à barbárie.” Marcia Souto, presidente da Fundarpe, escreve sobre a função, sempre exercida pelo Mepe nesses dez anos de trabalho, realizando exposições, oficinas, concertos de música erudita ou popular, o que faz do Museu um órgão “vivo, atuante, que consegue estabelecer múltiplos diálogos e funções” não só de preservação de sua memória mas igualmente da socialização de sua história para o público em geral, desta e das próximas gerações. Percorrer essa exposição é um prazer, uma alegria que se refaz a cada instante, desde os dois painéis de Solange Magalhães, já à entrada da mostra, seguidos do quadro de Aloísio Magalhães, já uma introdução ao que nos será oferecido em seguida, ao longo das salas, na arte plumaria e na cerâmica de nossos índios, que por anos ocupou o pesquisador Carlos Estevão, um mergulho num imaginário rico, significativo, sugestivo. Também na introdução ao álbum, que leva o nome de Uma década para lembrar Margot Monteiro lembrou a luta travada numa época de crise econômica, agradeceu as parcerias que tornaram possível a busca de “uma base sólida” para que o Mepe permanecesse vivo e atuante, e o empenho de artistas que doaram algumas de suas obras mais significativas para o acervo da instituição.

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