Editorial A hora do equilíbrio

Publicado em: 06/04/2018 03:00 Atualizado em: 06/04/2018 09:09

A decisão do juiz Sérgio Moro, condutor da Operação Lava-Jato, de prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro não pode servir de pretexto para os que apostam no quanto pior melhor. Eles não têm o direito, sob hipótese alguma, de insuflar o país. O Brasil mais precisa é de paz e tranquilidade para encarar os desafios que tem pela frente, que não são poucos nem de fácil solução. O momento é de equilíbrio, de responsabilidade, de compromisso com os mais elevados anseios nacionais.

A sociedade brasileira não pode ficar refém de radicalismos. Não pode permitir qualquer tentativa de desestabilização do país porque a Justiça determinou o recolhimento à prisão de um político que ocupou o mais alto posto da República. Ele tem de cumprir a lei como qualquer cidadão, sem privilégio algum, pois assim rezam os cânones democráticos.

A ordem de prisão do juiz Sérgio Moro, depois que a maioria dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) indeferiu habeas corpus contra a prisão do petista, tem de ser respeitada por todos. Isso, independentemente de preferências políticas, partidárias e ideológicas, sob pena de se estar afrontando um dos poderes constituídos da República. Se a Corte Suprema do país entendeu que o ex-mandatário tem de cumprir a pena por ter sido condenado em duas instâncias judiciais, nada mais há a fazer do que cumprir o que manda a legislação, esgotados os recursos previstos em lei.

Não há argumentação que se sustente para questionar a deliberação do STF e, agora, a consequente determinação do magistrado da Lava-Jato, como vêm fazendo os seguidores da estrela maior do petismo. A cúpula do PT, na pessoa de sua presidente, senadora Gleisi Hoffmann, passa dos limites quando afirma que a mais alta corte da nação deixou de cumprir seu papel de guardiã da Constituição Federal ao negar o habeas corpus. Acusação inconsequente, mas previsível, de quem um dia disse com todas as letras que “gente iria morrer” se Lula fosse preso, ato de irresponsabilidade inaceitável de uma representante do Senado Federal.

Outras lideranças do PT e de movimentos sociais a ele atrelados também se manifestaram no mesmo sentido, sendo repudiados pela maioria da população. Caso do senador fluminense Lindbergh Farias, que conclamou seus seguidores a parar o país por meio da desobediência civil. Para não ficar atrás, o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Stédile, ameaçou colocar um “exército” nas ruas.

Os cidadãos brasileiros, certamente, não se deixarão curvar por ameaças. Até porque, o ex-presidente ainda responde a outros sete processos, sendo que o do sítio de Atibaia, em fase mais avançada, está nas mãos do juiz Sérgio Moro. Neste caso, ele é acusado de receber vantagens ilícitas da empreiteira Odebrecht na reforma da propriedade. A expectativa é de que, brevemente, uma nova condenação de Lula seja definida pelo magistrado.

O momento requer bom senso e tranquilidade de todos para que o país não caia nas armadilhas da radicalização. As instituições democráticas passaram por diversas crises desde a redemocratização e não será o cumprimento de uma decisão da mais alta instância do Poder Judiciário que alimentará as pretensas ações dos radicais. O país está muito bem preparado para defender a legalidade.

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