Louvação a Capra, Sagan e Hawking

Aurélio Molina
Ph.D., professor da UPE e membro das Academias Pernambucanas de Ciências e de Medicina

Publicado em: 28/03/2018 03:00 Atualizado em:

A Ciência deve muito a muitos. Mas não faço culto a personalidades específicas e defendo que todos nós temos o potencial de nos tornarmos brilhantes e passíveis de “fazer a diferença”, em qualquer atividade humana, mesmo com nossas fraquezas, limitações e contradições. Aliás, só me ajoelho diante do “Altar do Eterno”, isto é, diante de sua “obra” que é o Universo manifestado, vivo, majestoso e belo. No campo do conhecimento conclamo, através de aulas espetáculos, palestras e na labuta diária da vida acadêmica e universitária, que “Somos Todos Cientistas”. Basta querer, ter confiança e coragem (e, claro, se “instrumentalizar”, principalmente através da educação e da autonomia intelectual) que você “chega lá”. Todos, sem exceção, podem dar contribuições para que a humanidade tenha “vida em plenitude” (material e existencial). Entretanto, aproveitando o recente “encantamento” de Stephen Hawking, peço vênia para louvar a minha trindade predileta: o próprio, Fritjof Capra e Carl Sagan. Todos foram grandes cientistas que deram relevantes contribuições para nos ajudar a compreender o Universo, suas leis e a nossa existência, após o Fiat Lux, isto é o Big Bang, já que o que existia antes do mesmo, até o momento, é imperscrutável. É claro que puderam ver mais longe porque “subiram” nos ombros de inumeráveis “gigantes” que os antecederam. Mas para mim, o mais valoroso de seus frutos foi a divulgação e a popularização do conhecimento científico. Quantos não foram arrebatados por seus livros, filmes, documentários, séries de TV, entrevistas e artigos? Creio que devem ter sido centenas de milhares ao redor do mundo, muito dos quais se tornaram pesquisadores e cientistas graças ao “maravilhamento” despertado por eles. Acho, inclusive, que é impossível gostar de apenas um deles, pois de certa forma eles eram “almas gêmeas” que tocavam nossos corações e imaginação, falando do “extremamente complexo” numa linguagem compreensível a qualquer um. Através deles a física quântica parece pura poesia. Sagan afirmava, por exemplo, que os seres humanos são filhos das estrelas, pois somos feitos de poeira das mesmas. Ou ainda, numa roupagem filosófica, que a viagem pelo Cosmos é uma viagem de autoconhecimento. Capra (79 anos), que fez magistralmente a ponte entre a “ciência de ponta” e a milenar sapiência oriental, nos “provoca” dizendo que a Física Quântica revela a Unicidade do Universo, mostrando a necessidade de sempre pensarmos em todos os fenômenos como uma grande teia, onde tudo e todos estão interagindo continuamente, atitude essa que ele denomina de Novo Pensamento Sistêmico que, por sua vez, nos “obriga” a uma responsabilidade global e universal. Reza a lenda que Hawking, ao ser questionado por uma criança sobre o que aconteceria se ela entrasse num buraco negro, saiu-se com essa singela explicação: você ficaria espichado que nem um macarrão. Tuché! Impossível falar da descomunal força gravitacional existente num buraco negro, que “engole” galáxias e expele imensa quantidade de partículas energéticas, de maneira mais simples e tão acessível. Minha opinião é que, mais do que excepcionais cientistas, eles foram admiráveis Grandes Almas (Mahatmas), magníficos educadores e, através da Ciência, memoráveis e inspiradores exemplos de determinação, superação e sabedoria na construção de um mundo melhor.

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