Judeus em Pernambuco: uma celebração

Luzilá Gonçalves Ferreira
Doutora em Letras pela Universidade de Paris VII e membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 27/03/2018 03:00 Atualizado em:

Semana passada a Academia Pernambucana de Letras abriu suas portas para importante comemoração: os cem anos do Colégio Israelita Moysés Schvarts. Lembremos que no Brasil poucas instituições de ensino secundário conseguiram atingir um século continuando em funcionamento até hoje. Em nosso estado eles são dois, além do CIMS: o Quinze de Novembro e o Diocesano, em Garanhuns. Que ainda hoje também formam excelentes gerações. A comemoração, saudada pela desembargadora Margarida Cantaelli, presidente da Apl, foi prestigiada com as presenças do ministro da Educação, Mendonça Filho, e do diretor do Colégio Israelita da Venezuela, Oscar Jaroslavsky, filho do educador Salomão Jaroslavsky. Uma festa em regra, com homenagens a dirigentes de organizações judaicas entre nós, coquetel com iguarias especiais, apresentação de conjunto de música da tradição judaica. Como não poderia deixar de ser, após a comemoração, danças tradicionais foram improvisadas no pátio da Apl, jovens e menos jovens celebrando as vitórias da vida. Jaroslavky falou sobre a saga do seu povo, fugindo de perseguições em países da Europa e desaguando no Recife, onde os pernambucanos lhe abriram os braços. O ministro comentou a educação e a formação de jovens em escolas de Israel, que ele visitou por duas vezes, e onde observou o sistema escolar, que privilegia a modernização e o respeito à cultura e às tradições do povo judaico. Uma presença marcante, e acolhedora: o educador Israel Averbuch, 96 anos, grande parte da vida dedicada à educação dos jovens estudantes, que brilhariam como profissionais na medicina, nas artes, nas pesquisas científicas e históricas, na economia, no ensino, e saudado de pé pelo público que lotou o auditório da APL A solenidade foi concluída com a fala mais que simpática e bem humorada. de Germano Haiut, nosso grande ator  tão pernambucano quanto cada um de nós. Germano lembrou a acolhida de nosso povo aos primeiros judeus aqui chegados, lembrou os “galegos” louros, morando na Boa Vista, e de fala atravessada que percorriam o Recife e cidades do interior, vendendo à prestação, com pagamentos semanais ou mensais, sempre bem recebidos pelos compradores, embora alguns atrasassem nos compromissos, como todos sabemos. Na alegria da noite, o prazer de reencontrar colegas que estudaram no Colégio Agnes, no Instituto de Educação, nós todas (um pouquinho) mais velhas mas sempre sorridentes e saudosas dos tempos de escola, e alunas na Aliança Francesa que brilham na vida artística do Recife, como a cineasta Katia Mesel, de malas prontas para ir brilhar em Paris.

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