Editorial
Ser ou não ser, eis a questão
Publicado em: 24/03/2018 03:00 Atualizado em: 26/03/2018 09:21
A semana encerra-se com a informação de que entre os pré-candidatos a presidente da República devemos também incluir o nome do atual ocupante do cargo, Michel Temer. Ele revelou isso em entrevista à revista IstoÉ, publicada nesta sexta-feira. Da forma em que falou, a impressão que aparentemente quis passar é a de que as circunstâncias o obrigam a entrar na corrida presidencial.
“Acho que seria uma covardia não ser candidato”, disse Temer. “Porque, afinal, se eu tivesse feito um governo destrutivo para o país, eu mesmo refletiria que não dá para continuar. Mas, pelo contrário, eu recuperei um país que estava quebrado. Literalmente quebrado”, completou.
Faça-se a ressalva, que serve tanto para o presidente quanto para os demais postulantes, que o fato de alguém se dizer candidato não significa necessariamente que o será. Muitas vezes - não estamos afirmando que este seja o caso de Temer ou dos demais; apenas traçamos a perspectiva - aqueles que a essa altura proclamam candidatura o fazem mirando outras metas. Podem estar buscando 1) valorizar-se, ou o seu partido, para chegar fortalecido à mesa de negociação com os demais; 2) a vaga de vice, para si (evidentemente que este não seria o objetivo de Temer) ou para seu partido; 3) pressionar outros a desistirem de ser candidatos; 4) desencadear articulações visando determinados fins (como o da formação de coligações).
Além dessas, no caso do presidente Temer ainda existe outra, que transparece em suas próprias palavras: a de ter um candidato que defenda o seu legado. Vejam o que ele disse na entrevista mencionada: “Eu me orgulho do que fiz. E eu preciso mostrar o que está sendo feito. Se eu não tiver uma tribuna [eleitoral], o que vai acontecer é que os candidatos sairão e vão me bater. E eu vou ter que responder. Só que não vou ter tribuna. Seria uma continuidade daquilo que está efetivamente sendo feito para o Brasil”.
Até o momento, nenhum dos postulantes que fez ou faz parte do bloco governista se propôs a “defender o legado” da atual administração. Obedecem a uma tradição da política: a de não levar para o palanque a defesa de um governo que esteja naquele momento com baixos índices de popularidade. Óbvio que não farão uma campanha de oposição, mas também não terão como estratégia a defesa do “legado governista”. O gesto de Temer soa como um alerta a dizer: “Olha, se não defendem o governo, não terão o MDB nas suas coligações; preferimos ter nossa própria candidatura, mesmo que isso implique estarmos divididos”.
São os ruídos da pré-campanha. As definições virão um pouco mais adiante: em 7 de abril teremos o dia final para filiação partidária, e entre 20 julho e 5 de agosto os partidos devem fazer convenções a fim de definir as candidaturas. Só aí saberemos quem estava blefando ou não ao dizer que seria candidato.
“Acho que seria uma covardia não ser candidato”, disse Temer. “Porque, afinal, se eu tivesse feito um governo destrutivo para o país, eu mesmo refletiria que não dá para continuar. Mas, pelo contrário, eu recuperei um país que estava quebrado. Literalmente quebrado”, completou.
Faça-se a ressalva, que serve tanto para o presidente quanto para os demais postulantes, que o fato de alguém se dizer candidato não significa necessariamente que o será. Muitas vezes - não estamos afirmando que este seja o caso de Temer ou dos demais; apenas traçamos a perspectiva - aqueles que a essa altura proclamam candidatura o fazem mirando outras metas. Podem estar buscando 1) valorizar-se, ou o seu partido, para chegar fortalecido à mesa de negociação com os demais; 2) a vaga de vice, para si (evidentemente que este não seria o objetivo de Temer) ou para seu partido; 3) pressionar outros a desistirem de ser candidatos; 4) desencadear articulações visando determinados fins (como o da formação de coligações).
Além dessas, no caso do presidente Temer ainda existe outra, que transparece em suas próprias palavras: a de ter um candidato que defenda o seu legado. Vejam o que ele disse na entrevista mencionada: “Eu me orgulho do que fiz. E eu preciso mostrar o que está sendo feito. Se eu não tiver uma tribuna [eleitoral], o que vai acontecer é que os candidatos sairão e vão me bater. E eu vou ter que responder. Só que não vou ter tribuna. Seria uma continuidade daquilo que está efetivamente sendo feito para o Brasil”.
Até o momento, nenhum dos postulantes que fez ou faz parte do bloco governista se propôs a “defender o legado” da atual administração. Obedecem a uma tradição da política: a de não levar para o palanque a defesa de um governo que esteja naquele momento com baixos índices de popularidade. Óbvio que não farão uma campanha de oposição, mas também não terão como estratégia a defesa do “legado governista”. O gesto de Temer soa como um alerta a dizer: “Olha, se não defendem o governo, não terão o MDB nas suas coligações; preferimos ter nossa própria candidatura, mesmo que isso implique estarmos divididos”.
São os ruídos da pré-campanha. As definições virão um pouco mais adiante: em 7 de abril teremos o dia final para filiação partidária, e entre 20 julho e 5 de agosto os partidos devem fazer convenções a fim de definir as candidaturas. Só aí saberemos quem estava blefando ou não ao dizer que seria candidato.