Editorial Polarização sob ataque

Publicado em: 08/03/2018 03:00 Atualizado em: 12/03/2018 10:48

Depois de seis eleições presidenciais marcadas pela disputa entre PT e PSDB, será que em 2018 a polarização entre os dois partidos será quebrada? O DEM, coadjuvante nessas seis disputas, quer provar que sim - e hoje, em convenção nacional, lançará a pré-candidatura do deputado Rodrigo Maia (RJ) à Presidência da República. Na avaliação de Maia, feita ontem em entrevista a uma emissora de rádio, o Brasil está vivendo o encerramento do ciclo político da polarização tucanos x petistas e a população vai procurar agora em 2018 novas alternativas. É a hora, acredita ele, de novos protagonistas subirem ao palco.

É cedo para falar do fim da polarização PT x PSDB, mas o ambiente para isso nunca esteve tão propício. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT,  foi condenado em segunda instância e a possibilidade de conseguir ser candidato é cada vez mais remota; o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem dificuldades de formar palanque tão amplo quanto o PSDB teve nas eleições anteriores - vê, por exemplo, o seu fiel aliado, o DEM, pronto para embarcar em candidatura própria.

Há um ceticismo generalizado no país e uma indignação silenciosa que ninguém sabe que rumo tomará. No vácuo de lideranças que vive hoje o Brasil, caminhamos para ter uma variedade e quantidade de candidatos maior que nos últimos pleitos - muitos acreditam que lhes cai bem o figurino de “nova alternativa”. Se terão forças para conseguir,  só o futuro dirá.

Vejamos o caso de Rodrigo Maia. Na eleição para deputado federal do Rio, em 2014, obteve 53 mil votos, em um universo de 7,6 milhões de votos válidos. Entre os 46 eleitos do estado, ficou na 29ª colocação. Visto por essa perspectiva, seu potencial eleitoral parece frágil - mas ele e seus seguidores acreditam que na disputa presidencial o cenário será outro. Maia, Henrique Meirelles (ministro da Fazenda), Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Marina Silva (que em em 2014 esteve prestes a quebrar a polarização), o próprio presidente Michel Temer e outros miram no eleitorado que, na visão deles, pode mudar tudo: o centro.

No manifesto que divulgará hoje em sua convenção nacional, intitulado “O Brasil que vai dar certo”, o DEM se define como um partido do “centro democrático”, que rejeita extremismos, demagogia, populismo e radicalismos. Afirma-se defensor de um sistema “liberal e humanista, baseado na igualdade de oportunidades”. O documento foi divulgado ontem pela Agência Estado. “Estamos prontos para colocar em prática nossas ideias e nosso projeto para o País já a partir da eleição desse ano. O Democratas se sente preparado para apresentar um candidato a presidente da República que lidere a reconstrução desse novo Brasil”, diz um dos trechos.

Por enquanto, em relação a todas as legendas, estamos no reino das palavras e das convicções alardeadas. A realidade vai mostrar quais serão ouvidas pela população.

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