Editorial Ainda há um longo caminho a percorrer

Publicado em: 05/03/2018 03:00 Atualizado em:

A despeito das incertezas políticas, a economia está dando boas notícias ao país. Depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciar, oficialmente, que o Brasil saiu de uma das mais severas recessões da história, ao registrar crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017, foi a vez de o mercado de trabalho dar uma boa atenuada no quadro de desemprego. Pelos registros do Ministério do Trabalho, em janeiro, após o desconto de todas as demissões, houve saldo líquido de 72.882 vagas com carteira assinada. No acumulado de 12 meses, são 83.539 contratações.
Não há motivo para euforia, mas esses números indicam que, aos poucos, os brasileiros estão voltando a se depararem com oportunidades de emprego. Melhor, com as garantias previstas em lei. A perspectiva do governo e de analistas é de que, ao longo deste ano, sejam criados 2,5 milhões de postos de trabalho, dos quais 1 milhão com carteira assinada. Confirmada tal projeção, 2018 encerrará com menos de 10 milhões de desempregados, quase a população de Portugal.
Em 2015, já com a economia mergulhando da recessão, o Brasil registrava 6,7 milhões de desocupados. Quando Dilma deixou o governo já eram 11,4 milhões. O estrago que ela provocou na economia continuou, no entanto, expulsando milhares de brasileiros do mercado de trabalho. Tanto que se chegou a computar um exército de mais de 14 milhões de pessoas sem emprego. Entre 2015 e 2016, o PIB caiu quase 7%. Essa retração foi provocada pela manipulação de preços dos combustíveis, pela intervenção nas tarifas de energia, pelo rombo fiscal, pela contabilidade criativa, pela disparada da dívida pública e pela invenção da tal nova matriz econômica. Por conta desse desastre, o PIB de 2014 só será alcançado em 2020.
Certamente, o PIB estaria avançando a uma velocidade maior não fossem os atropelos na política. Disso se pode tirar uma lição importante: neste ano de eleições, será preciso um esforço redobrado para evitar grandes turbulências na economia. Posições extremistas de candidatos, propostas sem substância, discursos populistas não serão bem-vindos. O que o país precisa, para consolidar a retomada econômica, com forte geração de empregos, são compromissos com as reformas, em especial a da Previdência.
O país ainda está juntando os cacos. Os últimos anos foram de muitas dificuldades. A população pagou caro demais por aventuras na economia. O importante é que o caminho está sendo pavimentado. A confiança de empresários e consumidores está em alta. As projeções apontam para incremento de 3% do PIB. Nesse ambiente, a grande contribuição precisa vir dos políticos. Tomara sobre juízo a eles.

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