Cearenses pernambucanos

Benedito Parente
Engenheiro eletrônico pelo ITA e Master of Science by Research pela University of Manchester

Publicado em: 03/03/2018 03:00 Atualizado em:

Hoje concluo meu artigo iniciado no Diario de Pernambuco no dia 10/2/2018 com a homenagem ao grande cearense pernambucano que foi Miguel Arraes de Alencar, nascido no Araripe, pequena cidade do Sul do Ceará, em 15 de dezembro de 1916. Aos dezesseis anos, foi aprovado no vestibular de direito da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, e para o escritório do Instituto do Açúcar e do Álcool. Optou pelo último e veio morar no Recife, fazendo transferência para a Faculdade de Direito do Recife, onde formou-se em 1937. Foi secretário da Fazenda de Pernambuco no Governo Barbosa Lima Sobrinho a partir de 1948. No Governo Cid Sampaio foi novamente secretário da Fazenda, em 1959. Foi Prefeito do Recife eleito de 1960 até 1962, quando foi eleito governador do estado. Foi preso pelas tropas do IV Exército no Palácio do Campo das Princesas na tarde do dia 1º de abril de 1964, logo após o golpe militar. Foi encarcerado numa ala do 14º Regimento de Infantaria do Recife na Ilha de Fernando de Noronha durante 14 meses e na Fortaleza de Santa Cruz no Rio de Janeiro. Seu pedido de habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal foi concedido em 25 de maio de 1965. Ele tentou exilar-se na França e depois no Chile, indo finalmente para a Argélia, onde permaneceu até 1979, quando pode retornar ao Brasil, com o processo de anistia concedido aos presos políticos, sendo recebido por uma multidão na sua chegada ao Recife. Elegeu-se deputado federal em 1982 e governador de Pernambuco em 1986. Foi eleito novamente governador em 1994. Tentou nova eleição para governador em 1998, mas perdeu para seu ex-aliado Jarbas Vasconcelos. Foi eleito pela última vez deputado federal em 2002, com 86 anos de idade, indicando seu neto e herdeiro político, Eduardo Campos, para Ministro da Ciência e Tecnologia. Foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante dom Henrique pelo Governo de Portugal em 26 de novembro de 1987. Foi internado na UTI do Hospital Esperança do Recife em 16 de junho de 2005, onde foi submetido a hemodiálises e cirurgias diversas, vindo a falecer de choque séptico, infecção respiratória e insuficiência renal, na manhã do dia 13 de agosto daquele ano, após 59 dias de internação. Seu corpo foi velado no Palácio do Campo das Princesas e sepultado, no dia seguinte, no Cemitério de Santo Amaro no Recife, seguido por uma multidão de admiradores. Sua viúva Magdalena Arraes criou o Instituto Miguel Arraes – IMA, em 2008, para preservação da memória do marido. O acervo funciona na casa que Miguel Arraes construiu, com madeira vinda de sua cidade natal, e onde residiu por décadas com toda a extensa família.

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