O porquê da calvície

Fernando Basto
Cirurgião plástico especialista em restauração capilar

Publicado em: 01/03/2018 03:00 Atualizado em: 28/02/2018 22:14

A calvície representa o estado avançado da queda dos cabelos, tornando visível a pele do couro cabeludo. A grande maioria das pessoas portadoras de calvície só notam que estão evoluindo para esse estágio quando já perderam cerca de 30% dos fios. Geralmente os pacientes relatam que despertaram para o problema com a queda grande de fios visto no travesseiro, no pente e até no chão do banheiro. Quando a pele do couro cabeludo se torna aparente, pelo afinamento e rarefação dos cabelos, as pessoas se assustam e procuram ajuda na cirurgia plástica ou dermatologia.

A causa mais comum da calvície é a genética, herdada da família do pai ou da mãe. Leva o nome científico de Alopecia Androgenética e pode atingir homens e mulheres de qualquer idade, sendo mais comum aparecer nas faixa etária de 25 a 45 anos. Existem outras causas, como as alterações hormonais decorrentes de doenças da tireoide (hiper ou hipotireoidismo); síndrome dos ovários policísticos; algumas doenças autoimunes e as alopecias decorrentes de trauma acidental. Todas essas causas podem evoluir para uma queda de cabelo acentuada e a instalação de uma calvície avançada, muitas vezes comprometendo a área doadora (região da nuca e têmporas), o que, em alguns casos,  pode limitar o tratamento cirúrgico. Por isso, diante de qualquer sinal, o paciente deve ser avaliado imediatamente pelo especialista para obter um diagnóstico correto e um tratamento adequado.

A técnica mais a avançada e reconhecida mundialmente para restaurar a calvície é a do transplante de unidades foliculares. Existem três métodos para colheita dessas unidades foliculares da área doadora: FUT, FUE e HÍBRIDA ou COMBINADA. Essas unidades foliculares (raízes) serão transplantadas na área calva do paciente seguindo todos os critérios científicos e artísticos. Cada técnica tem suas vantagens e desvantagens e a escolha de uma ou outra vai depender do caso.

Usando a máxima da medicina, “cada caso é um caso”, o cirurgião especialista deverá saber indicar qual a técnica ideal para o caso estudado. Cirurgião que emprega uma só técnica não é considerado um especialista no transplante capilar. A variação genética é grande e podemos encontrar pacientes com couro cabeludo rígido, elástico, espesso, delgado, além de cabelos cacheados, lisos, finos, grossos, pretos, brancos, densos, ralos, etc... É preciso um conhecimento científico apurado para um diagnóstico correto e o domínio extremo das técnicas cirúrgicas existentes, a fim de indicar o procedimento ideal para cada caso e saber executá-lo com maestria.  

Não costumo indicar o transplante capilar indiscriminadamente. Primeiro, faço um estudo, avalio a área doadora e ouço o paciente longamente para saber dos seus anseios e expectativa em relação à cirurgia. Em alguns pacientes, sobretudo nos mais jovens, com idade entre 18 a 22 anos, prefiro aguardar a evolução do quadro e o amadurecimento psicológico para tomar a decisão certa quanto ao procedimento cirúrgico a ser empregado. Em pacientes com calvícies avançadas,  avalio bem a área doadora e procuro explicar todas as etapas, técnicas e número de sessões necessárias para se obter um resultado satisfatório. Assim, teremos um paciente satisfeito, confiante e seguro.

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