A construção civil e os seus impactos ambientais

Tiago Andrade Lima
Titular da área de Direito Ambiental do escritório Queiroz Cavalcanti Advocacia

Publicado em: 01/03/2018 03:00 Atualizado em: 28/02/2018 22:13

O Acordo de Paris estabeleceu, pela primeira vez, metas de redução de emissões de gás carbônico para os países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Nada mais lógico. As nossas matrizes energéticas e a tecnologia adotada nos nossos processos produtivos, menos modernas do que a dos países desenvolvidos, são muito mais causadoras de impactos ao meio ambiente.

Em recente estudo desenvolvido pela ONU foi atestado que o segmento de construção e edificações precisará melhorar em 30% sua eficiência energética até 2030 para manter o planeta no caminho rumo às metas do Acordo de Paris. Segundo o estudo, esse setor produtivo responde por 39% das emissões de gás carbônico associadas ao consumo e à produção de energia.

No caso do Brasil, é evidente que a crise econômica afasta o empreendedor da busca por soluções que, em que pese serem mais sustentáveis, implicam num maior custo para o seu processo produtivo. Por outro lado, a visão míope do poder público, que foca suas atenções ao setor industrial e do agronegócio, demonstra a sua ineficiência com relação a criação de políticas públicas de estímulo para o setor e tornam as nossas construções obsoletas e não sustentáveis.

A criação de incentivos de mercado para estimular a adoção de modelos sustentáveis e a implantação, nas políticas de construção, de programas de certificação e rotulagem são algumas das medidas que urgem ser adotadas.

No entanto, o próprio setor precisa acordar e investir em soluções tecnológicas de baixo carbono. Quem partir na frente possuirá produtos de mercado com uma larga vantagem competitiva em relação aos demais, mas, principalmente, contribuirá como fomentador de boas práticas, para a sustentabilidade e para o cumprimento, pelo Brasil, das metas estipuladas.

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