Editorial Melhor prevenir que agir depois

Publicado em: 24/02/2018 03:00 Atualizado em: 24/02/2018 06:51

Mais de 25 milhões de pessoas no Nordeste moram em áreas nas quais não há recomendação de vacinação contra febre amarela. Dos nove estados da região, quatro não têm nenhum município sob risco: Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. A situação é diferente no Maranhão (todos os municípios com recomendação), Bahia (178), Piauí (57), Alagoas (apenas um, Delmiro Gouveia) e Sergipe (também um, Canindé do São Francisco).

Por esse quadro do Nordeste já dá para ver que, se a situação está tranquila para metade da região, nada pode garantir que não haverá um aumento da circulação do vírus que causa a doença. Ao longo dos últimos anos o que se tem constatado é que a área de recomendação da vacina tem se expandido, e não o contrário.

Atento a isso, o Ministério da Saúde quer que a vacinação expanda-se para toda a população brasileira. A proposição foi feita nesta quinta-feira pelo ministro da pasta, Ricardo Barros, a representantes de secretários estaduais e municipais de saúde de todo o país. Os detalhes serão discutidos com estados e municípios.

Do ponto de vista prático, seria possível levar a cabo essa vacinação em massa? O ministro garante que sim. Afirma que a Fiocruz entregará este ano 48 milhões de doses, e que no próximo semestre entrará em funcionamento a fábrica da Libbs, que terá produção em parceria com a Fiocruz. A junção desses dois fatores garantiria, com sobras, conforme o ministério, o total de vacinas necessárias.

Embora a situação não esteja em nível de alarme e pânico, o fato é que é preciso agir com vigor para cuidar da parte já afetada e evitar que o problema expanda-se para outras áreas. Não estamos diante de um vírus que causa contratempos por um ou dois dias, mas de algo capaz de levar à morte. Boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, por exemplo, acaba de informar que nesses dois primeiros meses do ano a doença já matou 38 pessoas no estado. Um detalhe importante para mostrar como a expansão da doença pode ser traiçoeira: a morte mais recente aconteceu em um município (Piraí) que até quinta-feira não estava incluído entre os locais com ocorrência de infectados. Já em São Paulo, ontem, o Sesc de Itaquera passou a exigir que os visitantes mostram comprovante de vacinação contra a febre amarela para poder entrar. A unidade fica ao lado do Parque do Carmo, fechado quinta-feira, ao ser encontrado no local um macaco morto após contrair a doença.

O pior cenário seria a expansão da doença para áreas densamente povoadas, o que poderia multiplicar a ocorrência de casos e provocar uma escalada de transtornos. As autoridades estão a par do caso e as medidas para evitar que isso aconteça já estão sendo tomadas. Mas não custa nada lembrar a gravidade da situação.

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