Moda

De Carmen Miranda aos maracatus: maior exposição de moda da história é virtual e gratuita

Mais de 180 instituições culturais de 42 países, incluindo o Brasil, colaboraram com a plataforma online gratuita, que contém cerca de 30 mil fotos, vídeos e documentos de moda

A exposição foi inaugurada nesta quinta-feira (08), cerca de um ano após a plataforma Google Arts and Culture entrar no ar. Foto: Google Arts and Culture/Divulgação

A partir desta quinta-feira (08), é possível navegar gratuitamente por mais de três mil anos de história da moda, através da exposição virtual We wear culture: a história por trás do que vestimos, desenvolvida pela plataforma Google Arts & Culture. Isso inclui uma grande vitrine brasileira da moda enquanto expressão cultural, dos turbantes de Carmen Miranda às indumentárias dos maracatus pernambucanos.

Com acesso gratuito via web ou por meio de aplicativo disponível para Android e iOS, o acervo reúne raridades e curiosidades do universo das passarelas e dos figurinos, explorando movimentos como o punk britânico, a história do jeans e a evolução do estilo de rua japonês. Nomes icônicos para o segmento, como Coco Chanel, Alexander McQueen, Christian Dior, Yves Saint Laurent, Oscar de la Renta e Vivienne Westwood têm espaço de destaque na exposição virtual, que permite visualizar detalhes ampliados dos figurinos (como bordados, pedrarias e estampas) em realidade aumentada (captada em 4K, tecnologia já usada pelo Google na plataforma Street View) e assistir a vídeos em 360º de museus dedicados ao tema.

Criações de grandes nomes da moda, como Westwood e Chanel, são expostas no acervo da We Wear Culture, que reúne mais de 30 mil fotos e documentos. Foto: Google Arts and Culture/Divulgação

A exposição pode ser acessada gratuitamente via web ou em aplicativo para Android e iOS. Foto: Google Arts and Culture/Divulgação

Curadores de moda, designers, especialistas, pesquisadores, universidades, instituições independentes e museus colaboraram com a mostra, a maior da história dedicada ao estilo e disponibilizada de forma gratuita na internet. O MASP (Museu de Arte de São Paulo), Museu Carmen Miranda, Museu da Moda Brasileira, Museu Afro Brasil, Museu da Pessoa e Museu do Índio foram algumas instituições brasileiras participantes da pesquisa e fornecedoras de material. Foram mais de 180 órgãos culturais de 42 países empenhados em reunir cerca de 30 mil fotos, vídeos e documentos relacionados à história da moda – da antiguidade aos dias atuais.

Indumentária dos maracatus pernambucanos é riqueza do mundo da moda. Foto: Rafael Martins/DP

>> Mas o que os maracatus têm a ver com a moda?

As indumentárias do maracatu são riquíssimas: moda como expressão cultural em seu estado mais puro. Na plataforma, o figurino de reis, rainhas e calungas do maracatu são detalhadas, assim como os estandartes.  Os tecidos, materiais e adereços são destrinchados, entre miçangas, palha, lantejoulas, penas, vidrilhos e fitas de plástico metalizado. Pernambuco é citado recorrentemente, como ponto de referência glogal no assunto, e algumas cidades são exibidas, como Nazaré da Mata, na Zona da Mata Setentrional do estado.

“Atenção especial deve ser dada aos estandartes que são insígnias de cada nação do maracatu, nelas alguns maracatus desfilam com a apresentação de um animal, que às vezes identifica o grupo: leão, tigre, elefante... São animais bordados em bandeiras de tecidos vermelhos ou dourados que contém, ainda, os motivos e as iniciais que sintetizam e expressam as marcas visuais de cada grupo”, explica a exposição virtual. 

O site também reconstrói a origem da tradição popular: “Criação negra pernambucana, o maracatu, com suas levadas do gonguê, a batida marcante da zabumba, o gemido da cuíca, o chacoalho do ganzá, o movimento ritmado dos corpos em sublime elevação e brincadeira é uma das mais coloridas festividades carnavalescas do país. Sua origem remonta à coroação dos 'reis negros' prontamente imbricada na festa católica da Nossa Senhora do Rosário.”

Carmen Miranda é referência de estilo e excentricidade: seus turbantes ganham destaque na mostra virtual. Fotos: Reprodução da internet

>> E o que é que a baiana tem com o universo fashion?

“Carmen Miranda era tão especial que criou uma estilização colorida, mas incrivelmente elegante da roupa característica da baiana”, informa o catálogo dedicado à cantora e atriz luso-brasileira, alimentado com o apoio do Museu Carmen Miranda, localizado no Rio de Janeiro. Entre os destaques na coleção dedicada a ela na plataforma, estão imagens e curiosidades sobre os seus turbantes. O site descreve Carmen como “uma mulher que criou um célebre look cinematográfico, que se pode comparar apenas aos figurinos de Marlene Dietrich ou Marilyn Monroe.” 

O primeiro turbante usado pela artista, segundo o We Wear Culture, foi criado por ela mesma, que trabalhara como chapeleira durante a adolescência, para o filme Banana da terra (1938). É neste trabalho que Carmen interpreta a canção O que é que a baiana tem?, de Dorival Caymmi. O turbante brocado com pedrarias vermelhas pode ser visto em realidade aumentada aqui. 

Figurinos icônicos para a história da moda são detalhados na plataforma e é possível ampliar detalhes em altíssima resolução. Foto: Google Arts and Culture/Divulgação

>> Muitas, muitas inspirações

Ainda na We Wear Culture, é possível fazer um “passeio” pelo guarda-roupa de Frida Kahlo, conhecer as técnicas de tingimento de tecidos indianas, entender a rota do comércio da seda nos séculos passados, desvendar o trabalho necessário à confecção de peças artesanais e conhecer máquinas que revolucionaram a produção fashion industrial. É válido, ainda, ler artigos especializados sobre o impacto ambiental do fast fashion, a importância da moda para a economia e como amar a moda sem prejudicar o planeta. 

>> Em números

Mais de 180 das mais renomadas instituições em cultura e moda, de 42 países;

Mais de 400 exposições e histórias on-line que compartilham um total de 30.000 fotos, vídeos e outros documentos;

Quatro experiências de realidade virtual com peças icônicas da moda;

Mais de 700 imagens de ultra-alta resolução, chamadas gigapixel;

Mais de 40 locais com acesso aos bastidores no Google Street View.

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